Pesquisa da Trabalhando.com e da Universia apontou que os jovens estão insatisfeitos com o modelo de processo seletivo utilizado pelas empresas atualmente. Segundo a pesquisa, 70% dos entrevistados preferem que as etapas sejam apenas presenciais e 34% gostariam que as seleções tivessem testes práticos e simples, entrevistas menos estressantes e fossem mais curtos.
"A maioria das empresas está trabalhando com a geração Z, como trabalhava com a Y e esse choque traz decepção para as duas pontas. Jovens e empresas não conseguem se entender: os processos seletivos ainda são iguais, porém o público é diferente e bem mais exigente", explica Caio Infante, diretor-geral da Trabalhando.com.
"Dinâmicas de grupo mal feitas ou consultorias que te chamam sem você ter os pré-requisitos" e "Muitas etapas. Elas são extremamente desgastantes e não chegam a dar parâmetro em absolutamente nada sobre o que você vai executar ou a área que você está pretendendo" foram algumas das reclamações do estudantes.
Quando questionados sobre o que não gostam ou o que o faria desistir de um processo seletivo, 22% responderam que as fases do processo (seleção cansativa, com perguntas pessoais sem fundamento) seriam o principal fator para desistência. Em seguida estão: falta de informação adequada sobre a vaga (18%), outros – integridade da empresa e exigência de inglês fluente (16%), falta de retorno ao final do processo (15%), dinâmica de grupo (14%), discriminação – idade, raça, opção sexual e falta de experiência (10%) e candidatos pré-escolhidos – indicação (5%).
Nos últimos anos, até pelo boom da tecnologia, os processos migraram para o mundo virtual e ficaram amarrados a testes, avaliações escritas, e diálogos por e-mail, antes de chegar ao presencial. "Incrível perceber que o ‘novo candidato’, por exemplo, prefere o contato pessoal, as conversas presenciais do que os processos on-line. O jovem Z precisa do olho no olho, necessita ser ouvido, e isso está distante do que a maioria das empresas tem feito com o passar do tempo", diz Infante.
Testes práticos e simples são o desejo de 34% dos entrevistados. Os jovens ainda gostariam que o processo seletivo tivesse proximidade com o candidato (24%), informações claras sobre a empresa, vagas e atribuições do cargo (20%), feedback constante e transparência (16%) e revisão do histórico escolar e testes sobre o que está no currículo (6%).
O levantamento foi feito em todo o país e ouviu 1.816 universitários. Desse total, 58% estudam em instituições privadas e 42% em públicas; 36% são da área de humanas e 17% exatas; 41% escolhem participar de um processo pela promessa de aprendizado; 32% valorizam remuneração e benefícios; e 56% abririam mão da remuneração pela aprendizagem.