Quando Natália Corradi entrou na fase de trocar os dentes de leite pelos permanentes, não imaginava o grande drama que estavam prestes a começar. Em meio a alguns dentes a menos, anos de aparelho com um dente falso e um implante que demorou a acontecer, a advogada de 31 anos penou para conquistar o sorriso perfeito.
“Tudo começou quando eu tinha uns sete anos e estava passeando no shopping com minha mãe. Ao avistar minha dentista fui logo mostrando meu sorriso banguela para ela, toda orgulhosa. Foi aí que ela me olhou e disse: que estranho, esse dente lateral que está nascendo aí tem uma cara de canino. Vá ao meu consultório para eu ver isso”, conta a advogada.
Ao marcar uma consulta para descobrir o que tinha de errado com sua dentição, Natália foi informada que, apesar de ter nascido com todos os dentes de leite, a sua dentição permanente estava sendo formada com cinco dentes a menos; dois laterais superiores e três molares na parte inferior.
“Foi aí que começou a minha luta. Eu era muito nova para fazer um implante e por ser muito pequena, tenho 1,50m de altura, a dentista acreditou que os espaços causados pelos dentes faltantes poderiam fechar quando a dentição se formasse por completo, por isso decidimos esperar”, diz Natália.
Dois buracos e um drama
Com o passar dos anos e com a formação dentária completa foi visível perceber que os espaços debaixo foram preenchidos com os novos dentes, mas os de cima não, deixando dois buracos exatamente onde deviam ficar os caninos. Por isso, ainda na adolescência, Natália passou a usar um aparelho com dois dentes postiços para tapar provisoriamente os buracos.
“Essa fase foi horrível, porque usar o aparelho toda hora me incomodava e, às vezes, até sem querer, eu tirava ele um pouco e todo mundo via que eu tinha dois buracos no lugar dos caninos superiores. Eu cheguei a inventar que estava passando mal só para poder ir embora da escola por vergonha”, lembra a advogada.
Implante adiado
Com 18 anos, Natália estava pronta para fazer os implantes, mas seu osso da maxila não. “Quando comecei a fazer os exames para colocar os novos dentes descobri que minha tábua óssea era muito fina e não suportaria os pinos para o implante. Desiludida eu coloquei uma prótese adesiva na espera de uma evolução do meu quadro ósseo”.
Essa foi outra fase que trouxe situações que Natália nunca vai esquecer. “Essa prótese adesiva caia toda hora. Uma vez na praia, rodeada de amigos e de um paquera, fui comer um churros por curiosidade, pois nunca podia comer esse tipo de coisa por causa do meu problema dental, e meu dente saiu na primeira mordida em cima do doce. Todo mundo riu e eu fiquei super constrangida. Não consegui nunca mais olhar na cara desse paquera”, diz.
Somente com 30 anos Natália recebeu o aval da dentista para fazer os implantes. “Com o passar do tempo, minha estrutura óssea ganhou força a ponto de comportar um pino para fazer o implante. Então, enfim, consegui ter o sorriso que eu sempre quis. Mas o trauma foi tanto que, hoje em dia, eu ainda carrego na bolsa aqueles cremes fixadores de dentadura para me salvar caso um dia meu dente caia, sei que é pouco provável, mas eu não passo mais vexame, não”, brinca a advogada.
*A pedido da entrevistada, a reportagem preservou sua identidade.