Com oito horas de pouca água por dia, família faz rodízio de banho

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O repórter do G1 Glauco Araújo passará 5 dias morando em casas que já enfrentam falta de água em São Paulo. Ele vai narrar as dificuldades vividas pelos paulistanos e quais soluções criativas estão aparecendo diante dos desafios do dia a dia sem água.

O casal Vanessa Moraes e Marcelo Oliveira recebe água (com baixa ou quase nenhuma pressão) durante oito horas do dia, na Casa Verde, Zona Norte de São Paulo. O abastecimento feito nesse período não é suficiente para que a família consiga passar o dia com tranquilidade.

Desde dezembro de 2013, as dificuldades são inúmeras. Rodízio de banho, roupas e louças acumuladas e a sensação de dignidade jogada no lixo. É assim a rotina na casa, que é antiga e alugada. O proprietário não permite alterações ou reformas. O desejo deles é investigar se o imóvel de dois cômodos e um banheiro tem uma caixa d’água, pois a capacidade de armazenamento é tão pequena que é suficiente apenas para encher um balde. "Não sabemos se a cada tem uma caixa d’água ou algum reservatório de água coletivo. Aqui são seis imóveis e dividimos a água, não temos registro individualizado."

Nas primeiras horas do dia, Vanessa tratou de dar banho nos filhos. O caçula, de 1 ano e 4 meses, foi o primeiro a se banhar. Em seguida, foi para a creche. O filho do meio, de 4 anos, foi o segundo contemplado, pois tinha de ir à escola. O terceiro a ver a água foi Marcelo, que esperou até o limite do horário para tomar banho e sair para trabalhar. No meio da manhã, o mais velho tomou banho pelo mesmo motivo dos outros dois: escola.

Vanessa ainda foi ao posto de saúde, me acompanhou pelo bairro para mostrar os problemas do entorno, levou um dos filhos à reunião de pais na escola, fez comida, lavou o que conseguiu da louça acumulada do dia anterior com a pouca água que tinha. Encheu a banheira do bebê para que a família pudesse ter uma reserva de água no fim do dia. Serviu o jantar, deu um banho nos filhos reaproveitando a água do banho de quem estava em primeiro na fila e assim seguiu com os outros dois filhos.

9 minutos para encher balde

Depois de todos prontos para dormir, Vanessa então jantou, assistiu ao capítulo da novela preferida, decidiu que não faria a caminhada de sempre para evitar o suor e, consequentemente, a necessidade de mais água para o banho que ainda não havia tomado nas últimas 30 horas.

Ela só sentiu a água no corpo depois das 21h, quando as crianças dormiam. Ainda assim, ela precisou esperar cerca de nove minutos para encher parcialmente um balde (veja no vídeo acima, em edição acelerada). A água que havia guardado na banheira do filho tinha acabado e o fio de água que encheu o balde foi o alento dela nesta quarta-feira (4). “É o banho da dignidade”, concluiu ela.

Fonte: G1

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