Mitos e verdades sobre a dengue

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A grave epidemia de dengue está fazendo surgir várias especulações sobre o que, de fato, evita a picada do mosquito. O entomologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Anthony Érico Guimarães, especialista sobre a doença, afirma que um boato pode acabar virando verdade.

Inhame, vitaminas ou alho

Há e-mails circulando na internet, falando sobre o possível poder que o inhame teria em prevenir a dengue, se ingerido três vezes por semana e que ele teria propriedades de limpar o sangue e fortalecer o sistema imunológico.

Segundo Erico, o que atrai o mosquito são os odores que o ser humano elimina. Assim, qualquer produto que a pessoa ingira confundirá a fêmea do mosquito quando for eliminado pelo organismo.

“Tanto o inhame, como o complexo B ou o alho, serão expelidos pelo corpo humano. O grande erro é que para eliminar qualquer uma dessas substancias, em quantidade suficiente para confundir a fêmea do mosquito, uma enorme dose dessas vitaminas ou alimentos, terá que ser ingerida. Além disso, esses produtos em grandes quantidades causam malefícios. O complexo B, se ingerido em muita quantidade, causa toxidez, o alho em grande quantidade espanta o mosquito e as pessoas a sua volta, e o inhame também não faz bem para o organismo”, afirma o entomologista garantindo que embora isso seja baseado no fato de que ao eliminar um produto você confunde a fêmea, não significa que deva ser usado.

Repelentes

O pesquisar explica que não é aconselhável usar ou ingerir produtos em excesso, porque pode haver contra-indicações.

“Quando você passa repelente você confunde o cheiro. Então a fêmea do mosquito não sabe onde está a isca e não vai sugar o sangue. Qualquer produto, qualquer odor que a pessoa elimine do corpo, até mesmo perfumes, vai confundir a fêmea do mosquito. Ela não vai saber onde está o homem."

Erico ainda explica que qualquer substância que seja eliminada em um ambiente confundirá a fêmea do mosquito e ela irá se esconder.

“Se a pessoa estiver em um quarto com janelas fechadas, portas fechadas, borrifar inseticida, acender velas de citronela ou velas de andiroba, fazer uma fogueira, acender qualquer coisa, espantará o mosquito, enquanto ele estiver no local. Mas na hora em que acabar a vela, e as janelas forem abertas, o mosquito voltará”, diz.

Ar condicionado e ventilador

Segundo ele, quando o ar condicionado está ligado a temperatura e principalmente a umidade baixam. Isso inibe a atividade do mosquito. Com baixa umidade, o mosquito tem dificuldade de descobrir onde está a isca e ir lá.

“Se o ar condicionado ou o ventilador estiverem ligados, o vento espantará o mosquito. Mas tudo isso evita somente o contato com o mosquito. Essas ações não matam o mosquito, apenas os espantam.”

Cenário favorável

Segundo o pesquisador, mesmo que uma cidade tenha uma infestação de mosquito alta, não se pode admitir que pessoas morram com a doença.

“O Aedes aegypti é um mosquito que veio para ficar. Então tem que se aprender a eliminar o mosquito. Agora, mais do que isso, as pessoas também têm que ser atendidas de uma maneira razoável. Mas não podemos esquecer que o Rio de Janeiro possui realmente um cenário geográfico e um clima que favorecem o mosquito. As comunidades sobem montanhas o que significa que há dificuldade em levar a água até lá e obriga as pessoas a armazenarem água. Também há dificuldade de retirar o lixo, o que faz existirem mais reservatórios. Se o combate e o atendimento à população não forem eficazes, teremos sempre muita dengue no Rio de Janeiro.”

Fonte: G1

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