Certeza um: Maracanã cheio. Certeza dois: clássico tenso. Dúvida fundamental: qual será o comportamento dos jogadores de Botafogo e Flamengo, neste domingo, 13, pela semifinal da Taça Rio? A resposta será dada a partir de 16h.
A preocupação com as atitudes dos atletas envolvidos no duelo tem fundamento. Os dois jogos recentes ficaram com polêmicas no ar. Na final da Taça Guanabara, houve um roteiro com empurrões, expulsões, fortes reclamações dos alvinegros e deboche posterior do flamenguista Souza.
O round seguinte teve rastro de rivalidade mal resolvida. Mesmo com um time quase todo reserva, o Fla perdeu a cabeça e teve dois atletas expulsos. Fora as incontáveis discussões de jogadores e provocações das torcidas.
Novamente a ferida parece que não cicatrizou. Os torcedores do Bota exibem faixas provocando Souza e cantam músicas aludindo a um suposto benefício do Fla no assunto arbitragem. Os rubro-negros preferem a ironia e colaram no adversário o estigma de "chorão".
– Entradas duras podem acontecer. Mas só não pode passar para o lado da violência. É bom ver que a rivalidade deste clássico aumentou – diz o botafoguense Renato Silva, que já atuou na Gávea.
Mas os jogadores procuram amenizar o clima tenso. No Flamengo, o capitão Fabio Luciano e o atacante Souza, que colocou lenha na fogueira da rivalidade ao ironizar os botafoguense com o choro no jogo seguinte (contra o Cienciano, no Maracanã), adotara um discurso pacífico.
– Se eu fizer gol não vai ter nada de gestos. Vou comemorar com meus companheiros, amigos e torcida, isso já está bem claro. Não quero gerar violência em nenhuma das partes – garante o atacante.
Seja como for, o confronto deste domingo tem caráter mais decisivo para o time comandado por Cuca. Afinal, o Flamengo tem vaga na final do Campeonato Carioca assegurada por ser o campeão do primeiro turno.
– A obrigação é nossa. O Flamengo já fez a sua parte – diz o capitão Lucio Flavio.
Mas há discordância na Gávea.
– Fomos preparados para chegar a todas as finais, incluindo a Taça Rio. Queremos todos os títulos – diz o técnico Joel Santana.
Vamos viajar
Nos dias que antecederam ao jogo, os dois times viajaram. A diferença foi o motivo. O Flamengo encarou 17 horas na quinta-feira para retornar de Cuzco, no Peru, onde venceu o Cienciano a 3.400 metros de altitude e garantiu a classificação para as oitavas-de-final da Taça Libertadores. Houve críticas ao sistema aéreo brasileiro e um lembrete:
– Não adianta treinar. Neste momento, o mais importante é o descanso – declara Joel.
O Botafogo pensa parecido. Por isso, depois de eliminar o River-PI, na Copa do Brasil, na quarta-feira, o técnico Cuca decidiu fazer o que considera um "retiro" na Região Serrana fluminense. Levou o Botafogo para respirar os ares da Granja Comary, em Teresópolis. Tudo em busca de concentração.
– Quando o jogador fica em casa, vai à padaria e acaba ouvindo o que não quer. Aqui, podemos focar apenas nesta decisão – diz o treinador alvinegro.
Botafogo completo
Embora o apoiador Lucio Flavio não tenha participado do último coletivo da equipe, na sexta-feira, o Botafogo não tem qualquer problema para a partida de domingo. A aposta, mais uma vez, está nos pés de Wellington Paulista. Ele encontrou duas vezes o Fla e deixou sua marca em ambas.
– Estou ansioso não para encontrar o Flamengo, mas sim porque é uma decisão – diz o artilheiro do Carioca, com 13 gols.
Até o banco de reservas alvinegro estará reforçado. Depois de quatro meses em recuperação de um problema no púbis, Leandro Guerreiro volta a ser relacionado.
– Estou pronto para ajudar se o treinador quiser – declara o volante.
‘Tropa de elite’ em ação para decidir o título logo
Com a vida tranqüila na primeira fase da Taça Libertadores, o Flamengo encara o Botafogo disposto a ficar a um jogo de encerrar o Campeonato Carioca-2009. Campeão da Taça Guanabara, o Rubro-Negro reencontra a vítima na decisão do primeiro turno com o pensamento de despachar logo um rival que pode dar trabalho em uma possível decisão em dois jogos.
– O Flamengo vem bem em duas competições, trabalhou para isso e vai para dentro de campo encarar um rival de boa qualidade e boa técnica, excelente nos últimos jogos. Vamos procurar fazer a nossa parte. O pensamento do grupo tem que ser de conquista do título estadual já – declara Joel Santana.
O desgaste da longa viagem de mais de 17h de Cuzco ao Rio de Janeiro fez com que o treinador priorizasse o descanso nos dias que antecederam à semifinal. A falta de treinos com bola e a boa exibição podem fazer com que o "papai" repita no domingo o time que venceu o Cienciano na altitude, a chamada "Tropa de elite", mas Joel tenta despistar.
– Você quer saber de time? Mas não vai saber, meu amigo. Só no domingo. Não é mistério, mas temos um grupo com 20 jogadores na concentração e todos têm condições de jogar.
Capitão do Flamengo, o zagueiro Fábio Luciano aposta em uma partida eqüilibrada independentemente dos jogadores que entrarem em campo, e aposta que, assim como na decisão da Taça GB, a qualidade individual fará a diferença.
– São dois times que se conhecem muito, não tem segredo. A qualidade dos jogadores vai decidir em jogadas individuais. Depois de todas as dificuldades que passamos esta semana, vamos entrar com energia redobrada para conquistar a classificação.
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Péricles Bassols Pegado Cortez
Auxiliares: Wagner de Almeida Santos e Jackson Lourenço Massara dos Santos
Botafogo
Castillo
Alessandro
André Luís
Renato Silva
Triguinho
Diguinho
Túlio
Zé Carlos
Lucio Flavio
Jorge Henrique
Wellington Paulista
Técnico: Cuca Bruno
Flamengo
Leo Moura
Fábio Luciano
Angelim
Juan
Cristian
Kleberson (Marcinho)
Toró
Ibson
Renato Augusto
Souza
Técnico: Joel Santana