O superintendente do Departamento Regional de Polícia Federal em Alagoas, delegado José Pinto de Luna, disse em entrevista a uma emissora de TV local, que não há pressa para encerrar o inquérito da Operação Taturana, que apura o desvio de mais de R$ 280 milhões da folha de pessoal da Assembléia Legislativa de Alagoas. Segundo a avaliação de Luna, Alagoas passa por um momento sui generis e que a situação da ALE deve ser passada a limpo.
Pinto de Luna ratificou as declarações fornecidas pelo presidente do inquérito, delegado Janderlyer Gomes, de que existem indícios suficientes para o indiciamento do deputado Paulo Fernando dos Santos (PT), o Paulão, por prática de empréstimo fraudulento e que novos indiciamentos não estão descartados.
O superintendente afirmou, ainda, que a população de Alagoas precisa ficar ciente de que a Polícia Federal não tem condições de ficar “correndo atrás de deputados” para indiciá-los e que cabe ao Executivo a adoção de medidas enérgicas. “Não adianta a Polícia Federal continuar trabalhando e o Executivo não tomar atitude. O duodécimo tem que ser cortado”, defendeu.
O delegado informou que as denúncias não param de chegar à Polícia Federal e que ontem, o presidente do inquérito teria recebido a informação de que o deputado Ricardo Nezinho (PTdoB) teria utilizado a Gratificação de Apoio Parlamentar (GAP) para comprar um trio elétrico. Sobre esta acusação, Nezinho deverá ser convidado a prestar esclarecimentos à Polícia Federal, segundo antecipou Pinto de Luna.
O superintende chegou a classificar a visita de Ricardo Nezinho à sede da PF em Alagoas, quando acompanhou o presidente interino Alberto Sextafeira (PSB), como uma atitude ‘cara de pau’ por parte do parlamentar de Arapiraca.
Quanto às contas apresentadas por Sextafeira, de como seria gasto o duodécimo da Assembléia, Luna disse que ‘os números colocados na planilha são uma vergonha’. Segundo as informações apresentadas pelo presidente interino da ALE, o Legislativo possui 1.500 servidores. Segundo Luna, essa é uma questão física e de matemática, “fisicamente não cabe 1.500 servidores na Assembléia”, afirmou.
Segundo a avaliação do superintendente, a ‘Taturana não pode parar’. “A Polícia Federal não criou o fato, a polícia apenas apura. Cabe ao Ministério Público e ao Judiciário adotar as sanções previstas em lei”. Ainda de acordo com Luna, as denúncias de enriquecimento ilícito, de saques irregulares, entre outros ilícitos continuam a chegar à PF e serão investigadas.