Apesar das chuvas torrenciais e das avenidas intransitáveis, os soldados chineses se esforçavam nesta quarta-feira (14) para localizar sobreviventes entre os edifícios reduzidos a escombros pelo maior terremoto registrado na China em mais de 30 anos.
O balanço oficial de vítimas do terremoto de 7,8 graus na escala Richter, divulgado nesta quarta-feira, chega a 14.866 mortos, segundo a imprensa estatal. O saldo anterior, divulgado na terça-feira, registrava 11.921 mortos.
Na província de Sichuan (região central), a mais afetada, 14.643 pessoas morreram, segundo a agência “Xinhua”.
Mais tarde, porém, as autoridades locais de Sichuan anunciaram que 7.700 pessoas morreram apenas na cidade de Yingxiu, número que não foi levado em consideração no balanço global desta quarta-feira.
As perdas humanas não param de aumentar à medida que chegam informações das zonas mais afastadas. O número de soterrados é de 25 mil. Há ainda 14 mil pessoas desaparecidas.
Segundo a polícia militar, citada pela imprensa oficial, muitas cidades próximas a Wenchuan, epicentro do terremoto, ficaram completamente arrasadas.
"Não existem mais casas em várias cidades e subúrbios (do distrito de Wenchuan). Tudo foi arrasado", afirmou Wang Yi, chefe de uma unidade da polícia militar.
Somente na cidade de Yingxiu, que fica no distrito montanhoso de Wenchuan, as autoridades locais anunciaram nesta quarta-feira que 2.300 pessoas de um total de superior a 10.000 sobreviveram à catástrofe, o que acrescenta pelo menos 7.000 mortos à longa lista de vítimas.
"A situação é pior do que temíamos", declarou uma autoridade local ao chegar à localidade, depois de escalar a montanha.
Dos escombros de cimento e vigas de aço ainda era possível ouvir gritos. Na área existia uma escola, derrubada pela violência do terremoto. Os sobreviventes de Yingxiu, apenas com as mãos, tentavam encontrar crianças entre os destroços.
A maior parte das estradas foi destruída pelo tremor ou ficou intransitável pelos deslizamentos de terras, o que obriga as equipes de resgate a caminhar para chegar às localidades afastadas nesta zona montanhosa de Sichuan, o que limita a quantidade de mantimentos e remédios que pode ser transportados para as vítimas.
As fortes chuvas que afetam a região desde terça-feira retardam o trabalho dos socorristas, assim como a viagem dos produtos de primeira necessidade e do material de escavação.
Após uma primeira tentativa frustrada na terça-feira, o Exército conseguiu pousar três helicópteros com material de ajuda na cidade de Wenchuan. Cem soldados pára-quedistas de uma unidade de elite também chegaram à localidade.
"Dois helicópteros da região militar de Chengdu (capital de Sichuan) começaram a distribuir mantimentos em Yingxiu", anunciou o general Li Shiming, comandante da região de Chengdu.
Os canais de televisão chineses exibem sem interrupção imagens de corpos retirados dos escombros, assim como de sobreviventes, muitos gravemente feridos nos desabamentos de escolas, fábricas, hospitais ou casas.
Impaciente
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que supervisiona as operações na cidade de Dujiangyan, não conseguiu esconder a impaciência com a lentidão dos trabalhos de resgate.
"Devemos fazer todo o possível para reabrir as estradas que levam ao epicentro e salvar os moradores isolados nas zonas afetadas. No momento, temos grandes dificuldades para realizar as operações de resgate", disse o premiê.
Durante uma visita ao distrito de Beichuan, o chefe de governo chinês anunciou aos sobreviventes que 100.000 soldados e policiais armados participavam na busca e nas tarefas de resgate, o que representa o dobro do número de soldados mobilizados em um primeiro momento.
Ajuda
Uma equipe de 1.300 médicos e enfermeiras do Exército, acompanhada por soldados, chegou na terça-feira, a pé, ao distrito de Wenchuan. As autoridades anunciaram o envio de outras 50 equipes médicas, que somarão um total de 1.500 funcionários de hospitais militares de Pequim, Xangai e Xian (centro-norte).
Estados Unidos, União Européia, Japão, Austrália, as Nações Unidas e o Comitê Olímpico Internacional (COI) se mobilizaram para ajudar a China, mas Pequim afirmou que as condições não estavam "amadurecidas" para autorizar a chegada de equipes de ajuda estrangeiras.
O terremoto de segunda-feira em Sichuan foi o mais grave registrado na China desde o de Tangshan, na região de Pequim, em 1976, que deixou 242.000 mortos, segundo um balanço oficial.