‘Drogas: uma epidemia silenciosa’

Com o objetivo de cobrar políticas públicas efetivas no combate as drogas no Estado, a Assembléia Legislativa realizou, nesta segunda-feira, 9, uma sessão pública especial com o tema: “Drogas: uma epidemia silenciosa”. De iniciativa do deputado Judson Cabral (PT), a sessão foi proposta em parceria com o Fórum Permanente de Combate às Drogas. A sessão pública foi presidida pelo presidente interino da Casa, deputado Fernando Toledo (PSDB), e contou com a presença dos deputados Dino Filho (PT do B), Jéferson Morais (Democratas) e Flaubert Filho (PTB).

Os debates visam alertar a sociedade para o perigo crescente do uso de substâncias entorpecentes. A sessão também serviu para cobrar do governo do Estado o cumprimento da lei que proíbe a instalação de bares a menos de 500 metros de escolas e universidades; e também a construção de um hospital público voltado para a recuperação dos dependentes químicos. “Porque aqui não existe. O que existe aqui são fazendas terapêuticas que não conseguem conter a demanda. Que é grande”, informou a presidente do Fórum Permanente de Combate as Drogas, Noélia Costa Amaral.

Ela disse que o aumento desenfreado do consumo de crack é um dos pontos que mais preocupa o movimento social. Noélia informou que no Brasil cerca de 10% da população é usuária de droga. “Não é brincadeira, pois são cerca de 18 milhões de pessoas que hoje sofrem dependência química”.

Para a líder do Fórum, o que mais assusta no Estado é a inexistência de um hospital público que possa atender aos usuários de drogas. “Estamos cobrando também o fortalecimento das entidades que assistem a essas pessoas”, disse, acrescentando que essa é uma luta difícil, mas não impossível. “Nossos jovens estão cambaleando, estão morrendo, acorrentados dentro de casa e nada se faz”, destacou Noélia.

Dados

Outro que esteve presente aos debates foi delegado Flávio Saraiva, titular da Delegacia de Repressão ao Narcotráfico. De acordo com ele, só este ano, foram efetuadas 148 prisões por tráfico de drogas no Estado. Destas detenções 21 foram de mulheres. Saraiva também demonstrou preocupação com o crescente consumo de crack em Alagoas. O delegado contou que em 2002, quando assumiu a delegacia pela primeira vez, 90% das apreensões de drogas feitas no Estado, era de maconha. “Hoje esse percentual é divido com o crack”, relatou Saraiva.

O delegado contou que o mapa da violência em Alagoas coincide com o mapa das chamadas “bocas de fumo”, ou seja, os pontos de tráfico. Outro dado divulgado pelo delegado é o alarmante número de homicídios, nos quais são vítimas jovens na faixa etária dos 15 aos 24 anos. “Há a necessidade de se repensar as políticas de prevenção ao uso de drogas, porque se for deixar só com a polícia, vamos ficar enchendo os presídios de possíveis traficantes e viciados”, ressaltou o delegado. “

Assustador

O deputado Jéferson Morais, que trabalha como apresentador de um programa policial na TV, avaliou como assustador o avanço da violência que atinge o Estado, ligado ao crime de narcotráfico. Ele disse que entre dez homicídios que são noticiados no programa, pelo menos oito estão relacionados ao uso de drogas. “Por isso, acho que essa sessão pública é de grande importância, o debate foi de alto nível e quero parabenizar o pessoal do Fórum Permanente de Combate às Drogas e o deputado Judson Cabral pela iniciativa de realizar essa sessão pública”, declarou o parlamentar.

De acordo com o propositor da sessão, deputado Judson Cabral, o objetivo dos debates é criar encaminhamentos, com a participação efetiva da sociedade civil organizada, para que sejam levados ao governo na tentativa de que sejam desenvolvidas políticas públicas “Nós pretendemos tirar encaminhamentos e aprofundar a questão do tratamento dos dependentes químicos. Precisamos também discutir a criação de presídios destinados a jovens que precisam de tratamento”, completou o petista.

Fonte: ALE

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