Obesidade infantil aumenta em AL

Um artigo produzido pelo professor e diretor da Faculdade de Nutrição da Ufal, Haroldo Ferreira, baseado na tese de mestrado da aluna Sandra Cristina, mostra que a obesidade e a desnutrição em Alagoas já estão equiparadas entre crianças de cinco anos. O trabalho teve por objetivo analisar o processo de transição nutricional no Estado, por meio da comparação entre as prevalências de desnutrição e obesidade em crianças.

A pesquisa ressalta que o Brasil vem passando por um processo de transição nutricional, caracterizado por redução marcante na prevalência da desnutrição e aumento da freqüência de obesidade. Em Alagoas, a prevalência de desnutrição infantil vem se reduzindo de forma importante, enquanto que, paralelamente, crescem os números relativos à obesidade. Segundo dados fornecidos no artigo, “com base em três grandes inquéritos nacionais, realizados entre 1974 e 1997, Monteiro verificaram que a desnutrição infantil, evidenciada pelo déficit estatural, reduziu-se de 34.3% para 11,4%”.

No entanto, no mesmo artigo o professor revela: “em estudo realizado na região semi-árida de Alagoas, envolvendo 2.164 crianças menores de cinco anos, encontrou uma prevalência de 6,3% de obesidade, valor mais que duas vezes superior ao encontrado (2,7%) para a região Nordeste no último inquérito nacional em 1997. O aumento na prevalência da obesidade infantil é preocupante devido ao risco aumentado que essas crianças têm de se tornarem adultos obesos e devido às várias condições mórbidas associadas a esse distúrbio nutricional.

Trata-se de um estudo transversal, do tipo inquérito domiciliar, cuja coleta de dados foi procedida no período de setembro de 2005 a fevereiro de 2006. Este estudo é parte integrante do projeto denominado “Diagnóstico de saúde da população materno-infantil do estado de Alagoas” que foi conduzido dentro dos padrões exigidos pela Declaração de Helsinque, bem como atendeu às normas regulamentares para pesquisas envolvendo seres humanos, estabelecidas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas.

A distribuição das condições nutricionais segundo as diferentes faixas etárias revela que a maior freqüência de obesidade (12,5%) ocorreu nas crianças de 6,1 a 12 meses, enquanto que a desnutrição (14,1%) acometeu com maior intensidade aquelas com idades entre 24 e 36 meses. Isso é mais um aspecto a ser considerado pelos gestores das políticas públicas, pois indica que o acesso ao alimento deve ser acompanhado de um processo educativo visando à adequação do consumo às necessidades nutricionais e promoção da saúde.

Na opinião do professor Haroldo Ferreira, não seria o caso de voltar às estratégias utilizadas em outros programas (Programa de Nutrição em Saúde – PNS; Programa de Suplementação Alimentar – PSA) em que o critério biológico, desnutrição ou risco nutricional, era privilegiado. Tampouco seria adequado abandonar o enfoque atual em que a vulnerabilidade social é considerada. “A alternativa concreta seria consolidar nas unidades básicas de saúde a avaliação sistemática da condição nutricional de sua clientela aliada à educação, contribuindo para que os beneficiários do programa fossem capazes de proceder uma seleção de alimentos adequados às suas necessidades, buscando solucionar não só questões relacionadas ao desbalanço energético, mas também àquelas derivadas da ingestão insuficiente de micronutrientes, um problema que, não só em Alagoas, mas de todo o Brasil” avalia o pesquisador.O nutricionista alerta ainda que, está longe de ser superada a carência de vitaminas na alimentação, principalmente no que diz respeito à determinação da anemia carencial e da hipovitaminose A.

Uma iniciativa importante nessa direção foi a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), na medida em que a inclusão do Nutricionista na equipe, proporciona a efetivação, no contexto da estratégia saúde da família, de atividades relacionadas às suas habilidades profissionais, tais como: diagnóstico populacional da situação alimentar e nutricional; promoção da alimentação saudável em todas as fases da vida; estímulo à produção e ao consumo de alimentos saudáveis produzidos regionalmente; ações específicas para a prevenção e controle dos distúrbios nutricionais; atenção dietética (atendimento ambulatorial) aos pacientes portadores de doenças relacionadas à alimentação e à nutrição.

O resultado da pesquisa recomenda, portanto, maiores investimentos no sistema de monitoramento da condição nutricional e a estruturação em termos de recursos humanos das equipes do Programa de Saúde da Família e das unidades básicas de saúde de modo a implementar, de modo mais efetivo, as ações que visam a adoção por parte da população de modos de vida saudáveis, com ênfase na alimentação adequada.

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