Brasília – O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou, nesta quinta-feira, que o governo federal vai produzir e distribuir 400 máquinas de preservativos. Elas serão distribuídas às escolas que integram o programa Saúde e Prevenção nas Escolas. A informação foi dada durante o 7º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, que acontece em Florianópolis (SC). “Um dos grandes desafios do combate à aids é o acesso à educação sexual nas escolas e o incentivo ao uso de camisinhas” disse Temporão.
O Centro Federal de Ensino Tecnológico (Cefet) de Santa Catarina venceu o “Prêmio de Inovação Tecnológica em Prevenção das DST/Aids” em 2007 e o projeto de máquina dispensadora de preservativos será implantado nas escolas. O custo unitário da produção é de R$ 400, em média, 40% mais baixo que o valor de uma máquina no mercado internacional.
Na população em geral, para cada grupo de 16 homens com aids, há 10 mulheres com a doença. Entre os jovens, de 13 a 19 anos, ocorre o inverso: são 16 meninas com aids e 10 meninos com a doença. Pesquisas do Ministério da Saúde revelam que, na primeira relação sexual, mais de 30% das meninas afirmaram que não usaram camisinha porque confiaram nos parceiros. Entre os meninos, apenas 7% tiveram o mesmo comportamento.
Segundo o ministro, o programa brasileiro garantiu acesso a métodos diagnósticos e a medicamentos, permitindo à pessoa com aids a inserção na vida social. Esse amplo acesso aumentou a expectativa de vida e transformou a aids numa doença crônica como o diabetes. Uma realidade que pode ser um risco, fazendo com que o adolescente relaxe em relação à prevenção.
“Por isso, temos que trabalhar com essa garotada, discutindo com adolescentes e jovens a questão do acesso aos direitos sexuais e reprodutivos e a prevenção às doenças sexualmente transmissíveis”, afirmou.
Referência mundial
O programa brasileiro de combate e prevenção à aids é uma referência mundial e diferencia o Brasil dos demais países do mundo. “Brasileiros que vivem com aids têm atendimento médico, medicamentos e exames laboratoriais custeados integralmente pelo sistema público. Poucos países no mundo conseguem isso. A prova do sucesso é a cobertura integral e a redução da mortalidade de maneira sustentada”, disse o ministro.
Esse programa, no entanto, enfatizou Temporão, ainda têm desafios, como garantir informação ampla, romper estigmas e preconceitos, ampliar o acesso a medicamentos, além da educação sexual. “Vamos investir R$ 1 bilhão em medicamentos neste ano, um valor significativo. O custo dos medicamentos é alto e estamos permanentemente trabalhando para a redução e para ampliar a nossa capacidade de produção”, revelou.
Temporão enfatizou que a política brasileira contra aids avançou devido à intensa participação dos movimentos sociais. “Eles estão no DNA do sucesso da política. É a singularidade brasileira.”
O DIA /RJ