O mistério sobre o assassinato do jovem Carlos Roberto Rocha Santos, 31, seqüestrado e morto em agosto de 2004 por uma suposta organização criminosa, no Tabuleiro do Martins, pode estar perto do fim. Nesta sexta-feira, o juiz José Braga Neto, da 17ª Vara Criminal da capital pronunciou o cabo Luiz Pedro como autor intelectual do crime, além de outras sete pessoas também acusadas.
Para os familiares da vítima, o julgamento dos acusados é um grande passo para que seja feita justiça, mas a família só vai descansar quando for descoberto o corpo, que até hoje permanece desaparecido. “Além da dor de ter perdido um filho, ainda temos que conviver com a angústia de não saber onde está seu corpo. Até hoje não tive a felicidade de enterrar meu filho”, ressaltou Sebastião Pereira dos Santos, pai de Carlos Roberto.
Ele conta que o secretário de Defesa Social, Paulo Rubim, designou uma comissão especial para investigar o caso, com portaria publicada em 15 de abril, mas até agora não houve avanço. “Eu estive na Secretaria na semana passada, quando se encerraria o prazo para entrega de relatório e fui informado de que a comissão solicitou mais 30 dias para conclusão do inquérito”, afirmou Sebastião Pereira.
Sobre a decisão do juiz Braga Neto, o pai da vítima afirma que é um passo rumo à justiça. “Eu sempre acreditei no Poder Judiciário do meu Estado e está provado que minha confiança não foi vã. Agora quero que sejam apontados e punidos os responsáveis pela morte e pelo desaparecimento do corpo do meu filho”, frisou.
Caso
De acordo com Sebastião Pereira, Carlos Roberto foi levado de sua casa, por volta das 1h30 da madrugada do dia 12 de agosto de 2004 e assassinado com 21 tiros nas proximidades do Conjunto Habitacional Tabuleiro do Martins. O fato mais intrigante é que os familiares da vítima só tiveram acesso às informações dois anos e oito meses após o crime.
“Assim que meu filho desapareceu fomos todos os dias para o IML saber se tinham encontrado seu corpo e os funcionários disseram não haver registros de corpos sem identificação. Depois de mais de dois anos, o Ministério Público recebeu uma denúncia anônima de que o corpo tinha estado lá e desaparecido. Fui chamado lá e identifiquei o corpo através de um laudo apresentado pelo legista, foi então que achei que havíamos encontrado o corpo, mas me enganei”, relatou Sebastião Pereira.
Ele conta que foi autorizada a exumação do corpo no cemitério Divina Pastora – já que tinha sido enterrado como indigente – mas em nenhuma das doze covas escavadas estava o corpo de Carlos Roberto. “Em contato com o Instituto de Criminalística nós tivemos acesso às fotografias do corpo crivado de balas, na bandeja do IML, a documentação do crime, mas o corpo continuou desaparecido e permanece até hoje”, disse.
“Eu não me conformo com o seu desaparecimento porque tenho provas de que ele deu entrada no IML, tenho o DNA, tenho as fotografias do corpo e outros documentos que comprovam que foi encontrado. Resta saber o motivo pelo qual as pessoas teriam sumido com ele”, indagou o pai.