O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, considerou gravíssimo o episódio em que traficantes armados ameaçaram jornalistas que cobriam a campanha que o candidato à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella, fazia ontem, na comunidade Vila Cruzeiro, zona norte da cidade.
Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do governo do estado, Cabral afirmou que fatos como esse "tornam evidente a necessidade de combater sem tréguas a criminalidade". O governador registrou também que "o direito de ir e vir de quaisquer candidatos e da imprensa é sagrado".
Cabral disse, ainda, que as ações do Estado "visam justamente a acabar com áreas em que criminosos se acham donos das comunidades" e defendeu que o poder estatal seja a referência para as comunidades e não os bandidos. Para ele, é preciso que o combate ao crime no Rio seja "incessante e firme", com o objetivo de garantir o processo democrático e a livre circulação de toda a população.
"Toda vez que o livre jornalismo é impedido de atuar é sinal de um Estado de Exceção. Portanto, garantir segurança aos cidadãos é, em última análise, garantir o Estado Democrático de Direito", concluiu.
Também por meio de nota, a secretaria de Segurança Pública do Rio considerou o episódio uma "afronta ao Estado de Direito e à sociedade organizada".
"Um dos princípios da política de segurança adotada desde o início de 2007 é o de recuperar áreas carentes sob domínio de traficantes de drogas. É público e notório que a Vila Cruzeiro é uma das áreas a serem reconquistadas".
A assessoria de Marcelo Crivella informou que as ameaças foram praticadas quando um grupo de repórteres e fotógrafos dos jornais O Globo, Jornal do Brasil e O Dia, além de um assessor do candidato, distanciou-se do político. Homens com os rostos cobertos insistiram para que as equipes não fotografassem Crivella cumprimentando moradores, em uma praça da comunidade.
Em seguida, os supostos traficantes mandaram que as fotos fossem apagadas. Uma moto com outros dois homens, um deles armado com um fuzil, também se aproximou, para intimidar os repórteres.
Ainda de acordo com a assessoria do candidato, ele próprio não presenciou o incidente. Há uma semana, a ex-deputada Jandira Feghali (PCdoB), também candidata à prefeitura do Rio, teve que passar por entre homens armados com fuzis quando fazia campanha no Buraco Quente, zona norte da cidade.