Brasil perde a primeira no vôlei

ReutersVibração russa, decepção brasileira em Pequim

Vibração russa, decepção brasileira em Pequim

No fim de julho, Giba virou herói de videogame batendo em guerreiros chineses. Na vida real, contra os gigantes russos, a história foi bem diferente. Com dores no ombro direito, o atacante foi lançado por Bernardinho nesta quinta-feira para salvar a pátria a apenas seis pontos da derrota. Como superpoder tem limite, não houve jeito: a seleção masculina de vôlei perdeu a cabeça e o jogo. O placar de 3 sets a 1 (22/25, 26/24, 31/29 e 25/19) reflete uma atuação tensa, recheada de provocações, polêmicas de arbitragem e vacilos em momentos decisivos. Agora, resta vencer a Polônia para garantir a vaga na próxima fase.

Enquanto a Rússia já festeja a classificação antecipada, o Brasil colocou uma pulga atrás da orelha. A vitória sobre os poloneses é o bastante para assegurar a vaga sem depender de outros resultados, mas o primeiro lugar do grupo ficou distante e depende de dois tropeços dos russos. Quatro seleções de cada grupo se classificam para as quartas-de-final. Mais que os números, no entanto, a equipe verde-amarela luta contra o desânimo.

– Perder do jeito que perdemos no terceiro set certamente deu uma desanimada. Isso não pode acontecer. O time sentiu a pressão de ser derrotado – reconheceu o técnico Bernardinho, em entrevista à TV Globo após a partida .

Ninguém esperava moleza, mas o jogo foi mais tenso do que se imaginava. Não faltavam motivos para o Brasil entrar mordido em quadra. Além de garantir logo a classificação, o duelo era a chance de revanche após a derrota em casa na disputa pelo bronze da Liga Mundial. Um dos jogadores ainda tinha motivo extra para se motivar: Marcelinho festejou na terça-feira a chegada do filho Pedro. A motivação do time, no entanto, deu lugar à apatia.

A partida começou equilibrada, com as seleções se revezando no placar. Os russos saíram na frente, mas o Brasil não permitiu que o rival abrisse vantagem. Após o primeiro tempo técnico obrigatório, um bloqueio de Dante empatou o jogo. Poltavskiy marcou, mas outro bloqueio, de André Heller, igualou o placar em 10 a 10. Com um saque de efeito do central, a seleção passou à frente pela primeira vez: 14 a 13. Na segunda parada, vantagem verde-amarela de 16 a 15.

Poupado com dores no ombro direito, Giba via tudo do banco. Murilo, seu substituto, emplacou ataques seguidos e aumentou a diferença no placar. O Brasil chegou a abrir três pontos, permitiu que os russos cortassem para um, mas acertou o bloqueio e, com um belo triplo, fechou o set inicial em 25 a 22.

No segundo set, a tensão se instalou. Após erros seguidos de arbitragem, Gustavo se irritou e levou um cartão amarelo. Irônico, aplaudiu a atitude do juiz. Bernardinho não teve outra saída a não ser pedir um tempo para acalmar os jogadores.

No segundo set, a tensão se instalou. Após erros seguidos de arbitragem, Gustavo se irritou e levou um cartão amarelo. Irônico, aplaudiu a atitude do juiz. Bernardinho não teve outra saída a não ser pedir um tempo para acalmar os jogadores.

A parada até surtiu efeito, e a vantagem russa caiu de cinco pontos para apenas um. Bruninho e Anderson entraram em quadra após o segundo tempo técnico obrigatório. O oposto não conseguiu bloquear e levou o técnico à loucura na beira da quadra. Para aliviar um pouco a tensão do chefe, um saque de Gustavo destroçou o passe russo, que não conseguiu devolver a bola. Com 21 a 21 no placar, voltaram Marcelinho e André Nascimento. A equipe brasileira chegou a passar à frente, com 22 a 21, mas voltou a bobear quando entrou em cena o atacante Mikhaylov. Mandando no jogo, ele fez a diferença e fechou o set em 26 a 24.

A derrota na segunda parcial parecia servir de alerta para os brasileiros, que voltaram mais atentos para o terceiro set. Logo no início, apostaram na boa recepção para segurar o forte saque russo. Mikhaylov, no entanto, voltou a dar trabalho. Potente no ataque, ele foi colocando sua equipe no jogo de novo, e a vantagem caiu de cinco para um ponto. O saque russo, cada vez mais forte, foi minando a recepção brasileira. Ainda assim, a equipe verde-amarela teve três set points. E falhou. Após erros de saque de André Nascimento e Dante, a Rússia fechou em 31 a 29. Foi um duro golpe na motivação do time de Bernardinho.

Os erros e a desvantagem de 2 a 1 fizeram o Brasil perder o ânimo. Desencontrada em quadra, a seleção passou a cometer erros bobos e deixou o adversário jogar solto. Mikhaylov passeava à vontade no ataque, e as pancadas no saque voltaram a castigar o time brasileiro. A vantagem do rival foi aumentando, e o técnico apelou para uma tentativa desesperada: lançou Giba, que até aquele momento não tinha pisado na quadra.

Àquela altura, o placar mostrava 19 a 16 para os russos. Missão dura demais para o herói do videogame. Frio e com dores no ombro, ele não conseguiu botar uma bola sequer no chão. Era muito pouco para colocar o time nas costas e mudar o cenário.

Firme nos fundamentos, a Rússia manteve a cabeça no lugar e fechou a tampa: 25 a 19.

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