O Brasil tinha que vencer a Alemanha. Este era o objetivo para ainda ter chances de ser líder do Grupo B. E, com a ajuda da Polônia, que venceu a Rússia, o resultado não poderia ser melhor: vitória e primeira posição na chave.
Mas no jogo que não valia mais a vaga às quartas dos Jogos Olímpicos de Pequim, pois a equipe já estava garantida, o que marcou foram as bombas nos saques dos alemães e um susto de Serginho, que deixou a seleção brasileira tensa. Uma queda, um sumiço e todos os jogadores do Brasil ficaram apreensivos em quadra. Porém, uma resposta do líbero ao técnico Bernardinho – “Estou bem” – foi o suficiente para a equipe brasileira recuperar o fôlego e aplicar 3 sets a 0, com parciais de 25/22, 25/21 e 25/23.
O Brasil se classifica às quartas-de-final com a primeira colocação no Grupo B, isso porque a Rússia perdeu para a Polônia por 3 sets a 2 e, no desempate dos pontos ganhos pelos perdidos, o time verde-amarelo ficou na frente. A seleção brasileira enfrenta o quarto colocado da chave A, que será a China.
Perdendo ou ganhando, os donos da casa ficam com a última posição. Com a nova orientação do comitê organizador, os segundo e terceiro lugares de cada chave passam por um sorteio para conhecerem seus adversários da próxima fase.
Saque alemão x conjunto brasileiro
O primeiro set foi o saque alemão contra o conjunto jogo do Brasil. A Alemanha apostou tudo neste fundamento, dando muito trabalho ao passe do Brasil. O libero Serginho e o ponta Dante sofreram para entregar a bola na mão de Marcelinho. Mas quem mais penou foi Giba. Ponteiro-passador, os alemães escolheram o capitão como alvo das bombas. No início do período, não existia outra alternativa para o levantador do Brasil se não as bolas pelo meio, que foram muito eficientes com André Heller e Gustavo. Uma boa defesa de Dante, que permitiu que André Nascimento levantasse para que ele, enganando o bloqueio da Alemanha, largasse do fundo, garantiu o 11º ponto da seleção brasileira. A equipe foi pegando embalo durante o jogo, mostrando um bom volume de jogo e um conjunto forte. Ainda com os saques da Alemanha dificultando a vida, o Brasil usou o ‘jeitinho’, como uma largadinha de André Nascimento e as exploradas leves de Giba no bloqueio, para manter a frente.
Com 18 a 16 no placar, Bernardinho fez a inversão de 5-1, colocando Bruninho e Anderson no lugar de André Nascimento e Marcelinho. Após um erro bobo no levantamento do brasileiro, a Alemanha deu um ponto de graça para o Brasil ao atacar para fora. Gustavo foi para o saque. Soltou o braço e, de xeque, Giba marcou 21 a 19. O capitão voltou a pontuar ao estimular um toque na rede dos alemães no bloqueio: 23 a 19. O técnico Bernardinho pediu tempo depois de dois saques devastadores de Popp, que quebraram o passe do Brasil e deixaram a Alemanha se aproximar: 23 a 21. Na volta à quadra, André Nascimento e Marcelinho retornaram com a seleção. A parada quebrou o ritmo de Popp, que errou o saque. Giba sacou e Dante, em um bloqueio torto, fechou o set: 25 a 22.
Serginho assusta ao cair atrás da divisória
O meio-de-rede Rodrigão iniciou o segundo set no lugar de André Heller. Assim como no período anterior, o Brasil tomou a frente e colocou vantagem sobre a Alemanha. Com 12 a 10 no placar, Serginho foi buscar uma bola na lateral da quadra e, ao pular a divisória, bateu com o joelho esquerdo em um banco. O líbero não levantou. Giba foi o primeiro a correr para socorrer o amigo, que, devido à altura da placa, não aparecia na imagem da televisão. Em seguida, todo o time, inclusive os jogadores que estavam no banco e a comissão técnica, foram ver o que tinha acontecido com Serginho.
Giba gritava furioso pedindo para que os médicos do ginásio chegassem logo ao local. Três minutos se passaram, e uma chinesa apareceu. Foi quando o líbero pôde ser visto. Ajudado pelos companheiros, levantou e saiu mancando. Não foi para o banco, voltou para a quadra. Bernardinho perguntou o que tinha acontecido, e Serginho respondeu: “Estou bem”. Era o que a seleção brasileira precisava ouvir para retomar o fôlego após o susto e marcar 25 a 21.
O saque da Alemanha continuou forçado. E, mediante a situação de Serginho, o alvo deixou de ser o capitão Giba e passou a ser o líbero. Os alemães apostaram que o jogador falharia no passe e soltou o braço. O time liderou por um ponto na frente até o segundo técnico obrigatório. Porém, Serginho passou a entregar as bolas com perfeição nas mãos do levantador Marcelinho, que soube distribuir com eficiência entre os atacantes brasileiros. Samuel entrou no fim do terceiro set para ganhar ritmo de jogo e surpreender a Alemanha. Deu certo, e o Brasil finalizou sua participação na fase classificatória ao cravar 25 a 23.