Lagosta e salmão no presídio Bangu 8

Rio – A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) abriu sindicância para apurar denúncias de que presos da Penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8) estariam usufruindo de pequenos luxos. O ex-banqueiro Salvatore Cacciola, 64 anos, por exemplo, não estaria compartilhando do cardápio da prisão com seus companheiros. Ele teria comido lagosta e salmão encomendados em um restaurante da Barra da Tijuca, como revelava embrulho das quentinhas que chegaram ao presídio.

A Seap investiga se Cacciola saboreou os pratos em dias de visita — segundas e sextas-feiras —, quando a comida poderia ter sido levada por parentes ou se fez as refeições nos demais dias da semana, o que poderia evidenciar a corrupção de agentes, segundo o secretário de Administração Penitenciária, coronel Cesar Rubens Monteiro de Carvalho.

“Isso é possível. Os presos em Bangu 8 têm alto poder aquisitivo e, como estão presos, gastam pouco. Então podem passar a gastar muito em poucas coisas para obter os luxos que tinham antes. Comer uma lagosta não é um grande problema. O problema é se tiver a conivência de inspetores. Caso contrário, vejo apenas como uma afronta aos outros outros presos”, disse o secretário.

Há uma semana, durante vistoria, agentes encontraram R$ 10 mil, em uma das celas. O coronel Cesar Rubens explicou que cada preso pode receber, por semana, R$ 100 de parentes para suprir necessidades especiais, como a compra de medicação. Só a lagosta comprada para Cacciola custa R$ 116 e o salmão, R$ 60.

Em Bangu 8 estão, além de Cacciola, o ex-deputado estadual Álvaro Lins, o deputado estadual Natalino Guimarães (DEM) e seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho (PMDB), o ex-chefe da Polícia Civil Ricardo Hallack, inspetores de polícia, PMs, bombeiros, acusados de integrar milícias e presos com curso superior.

Na vistoria, agentes encontraram ainda três telefones, um radiotransmissor e um aparelho de MP-3.

O abatimento de Álvaro Lins
Desde quarta-feira, quando chegou em Bangu 8, o ex-deputado e ex-chefe de polícia, Álvaro Lins, tem se mostrado deprimido. Lins já se apresentou à Polinter com os cabelos cortados para não ter que raspá-los e está numa cela com outros sete presos — todos policiais, entre eles os inspetores de polícia conhecidos como ‘inhos’.

A Seap optou por colocar o ex-parlamentar numa cela distante de seu desafeto, o contraventor Fernando Ignácio, cuja prisão foi articulada por Lins. Mas a convivência é inevitável no banho de sol e na sala de TV coletiva.

Veja Mais

Deixe um comentário