O “embate” entre o deputado afastado João Beltrão (PMN) e o delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Marcílio Barenco, ganhou mais um novo capítulo na manhã desta terça-feira, dia 2. O advogado de João Beltrão esteve na sede do Ministério Público Estadual – no bairro do Poço – para entregar uma série de documentos que – segundo o próprio advogado José Fragoso – comprovariam o envolvimento de Barenco em práticas delituosas.
João Beltrão – por meio do advogado – já encaminhou o mesmo material para a Secretaria de Direitos Humanos. O advogado esteve na sede do MP com um envelope lacrado e não mostrou o conteúdo aos profissionais da imprensa. De acordo com Fragoso, será apresentada uma denúncia-crime e a partir daí cabe ao Ministério Público instaurar uma ação penal.
O advogado de defesa de Beltrão salientou ainda que o envelope traz provas materiais, com exame de corpo delito de um menor de idade que teria sido torturado a mando do delegado-geral. “Assim que o delegado Carlos Reis assumiu a Delegacia Geral da Polícia Civil de Alagoas, ele teria mandado delegados investigar estes crimes. No entanto, quando Barenco assumiu, ele acabou afastando estes delegados e nomeado outras pessoas”, salienta José Fragoso.
José Fragoso disse ainda que o deputado estadual afastado se encontrava com o material há dez dias. João Beltrão – antes de ser afastado da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas por suposto envolvimento em crimes de corrupção – tentou criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o delegado Marcílio Barenco. A rivalidade entre os dois é antiga.
Barenco, quando delegado da cidade de Coruripe (reduto eleitoral de João Beltrão), o investigou como mandante intelectual de um homicídio na região. Desde então, Beltrão passou a ser incisivo nas declarações que dá sobre Marcílio Barenco. O deputado estadual, além dos crimes de corrupção, ainda é apontado pela Polícia Civil de Alagoas como parlamentar envolvido em crimes de mando no Estado de Alagoas.
Durante uma operação da Polícia Civil – já com Barenco à frente da instituição – Beltrão foi preso juntamente com outros dois deputados afastados (Cícero Ferro e Antônio Albuquerque) por conta de homicídios. O deputado João Beltrão conseguiu voltar à liberdade por meio de um habeas-corpus. O advogado José Fragoso – no entanto – não vê “revanchismo” nas denúncias feitas pelo parlamentar, já que – segundo ele – as provas são substanciais. “Há três denúncias graves no material que estamos entregando”, colocou.
O advogado também não entrou em detalhes sobre a forma como João Beltrão conseguiu tal material. José Fragoso disse que espera apenas que o delegado-geral seja investigado pelos crimes, como manda a lei. Ressaltou que é isto que Beltrão cobra da Justiça.
João Beltrão foi afastado do parlamento por conta de uma ação cautelar movida pelo Ministério Público Estadual. Ele e outros 13 deputados estaduais são apontados em um esquema – revelado pela Polícia Federal, durante a Operação Taturana – que teria desviado mais de R$ 300 milhões dos cofres públicos. Destes parlamentares, 11 foram afastados. Entre eles, está o presidente do Legislativo, Antônio Albuquerque (sem partido).