Ao comentar a crise financeira mundial, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmou que, por enquanto, as conseqüências no Brasil são mais especulativas que reais. Ele elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a equipe econômica do governo federal por já terem tomado medidas para proteger as finanças brasileiras. Renan afirmou, em discurso nesta terça-feira (7), que o Senado Federal vai apoiar as medidas do governo (como a recente medida provisória editada, que facilita a ajuda do governo a bancos de pequeno porte) e disse acreditar que a oposição "não trabalhará contra o país".
O senador garantiu que o PMDB vai agir pela estabilidade econômica do país e disse que o Congresso Nacional precisa dar prioridade às reformas política e tributária. “A carga tributária já passou do nível tolerável pela população e pelo setor produtivo”, afirmou.
Medidas
Num gesto preventivo, o governo anunciou que vai utilizar parte do dinheiro das reservas internacionais – que somam US$ 207 bilhões de dólares – para garantir crédito aos exportadores brasileiros e ajudar a diminuir a pressão sobre o câmbio. Além disso, o Presidente Lula assinou medida provisória que autoriza o Banco Central a comprar a carteira de crédito de bancos comerciais. A medida serve para evitar que a crise de liquidez afete o Brasil. “Todas estas ações são bem-vindas, porque a crise começa a ganhar contornos mais realistas aqui no Brasil”, explicou Renan.
Para ele, o maior temor é com a inflação, que pode interromper outra trajetória positiva. Agora mesmo, foi registrado um movimento de deflação entre as famílias de baixa renda, entre agosto e setembro. O parlamentar alagoano disse que uma das prioridades, neste momento, deve ser o de manter, a todo custo, a valorização de nossas commodities. “Principal produto de exportação do Brasil, as commodities metálicas e agrícolas estão por trás dos recordes da balança comercial nos últimos anos. Impulsionadas pela crescente demanda mundial, cujo vértice é a China, as matérias-primas viram seus preços saltarem e compensarem parte da desvalorização do dólar frente ao real”, revelou.
Renan Calheiros destacou algumas vantagens do Brasil em relação a outros países. “Possuímos, como disse, reservas confortáveis. Praticamente zeramos a dívida interna atrelada ao dólar. E produzimos fortes superávits comerciais”, destacou. Ao concluir, o senador disse que mesmo que os Estados Unidos ainda possam estar longe de uma crise terminal, “… os tremores atuais, como os terremotos, podem ainda causar ondas de impacto e tsunamis destruidoras”. E completou: “Prevenir-se para essa eventualidade, assim como tomar caldo de galinha, não faz mal a ninguém”.