Moradores do Conjunto Virgem dos Pobres, no Dique Estrada, voltaram a protestar na tarde desta terça-feira, 21, contra as obras de construção de um conjunto habitacional que faz parte do projeto de reurbanização da orla lagunar. A obra, orçada em R$ 35 milhões, conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e vai beneficiar 1.181 famílias das favelas Sururu de Capote, Muvuca, Torre e Mundaú.
Nesta tarde, o protesto foi direcionado contra a derrubada de árvores no canteiro onde serão construídos os 19 prédios de três andares previstos no projeto. “Das 512 árvores que existem na área inúmeras já foram derrubadas, sem autorização do IMA”, denunciaram os moradores.
Procurada pela reportagem do Alagoas24horas, a assessoria de imprensa do Instituto do Meio Ambiente (IMA), afirmou que a obra está licenciada pelo órgão, sob o argumento de que o seu benefício social se sobrepõe a derrubada das árvores. “O desmatamento é mínimo perto dos benefícios que a obra trará, sem contar que os danos causados ao meio-ambiente pela proliferação das favelas são bem maiores que a derrubada das árvores”, informou o órgão.
Tensão
O clima entre os moradores – que protestaram com faixas pela paralisação da obra – e os funcionários da empresa responsável pelo projeto chegou a ficar tenso, e uma guarnição do 1º BPM foi enviada para o local.
“Queremos deixar bem claro que não vamos aceitar o que está acontecendo aqui. Queremos respostas das autoridades”, disseram os manifestantes.
No dia 16 de outubro uma comissão de moradores recorreu ao Ministério Público Federal em Alagoas para reforçar as denúncias de que a obra será construída em local inadequado, sem recuo suficiente em relação à pista do Dique Estrada e onde funcionam as redes de abastecimento de água e esgoto do conjunto, além de retirar dos habitantes o espaço de lazer. A comissão pediu urgência ao MPF/AL no sentido de averiguar as supostas irregularidades.
Em agosto deste ano, os moradores entraram com uma representação contra a obra no Ministério Público Estadual, que abriu procedimento administrativo para analisar o caso.
Benefícios sociais
O secretário de Infra-estrutura do Estado, Marco Fireman, já havia destacado os benefícios sociais que a reurbanização da orla lagunar trará para a região. Segundo ele, as áreas escolhidas para a construção, que pertenciam à União, foram repassadas pela Prefeitura ao Governo do Estado e as obras ocorrem dentro da legalidade.