Completando seis meses à frente da Secretaria de Estado de Defesa Social, o secretário Paulo Rubim fez um balanço das suas ações. Mesmo admitindo que os problemas na segurança pública ainda são muitos, ele aponta as melhorias e diz que não é nenhum “Joãozinho do Passo Certo”, mas que está trabalhando para contribuir para a melhoria da segurança do Estado, sempre priorizando a disciplina, a moralidade e a transparência. Ao se definir, Rubim diz que é “só um policial”.
Ao ser indicado, o senhor criou uma expectativa nas pessoas em relação à moralização das polícias. Nesse sentido, Alagoas está no caminho certo?
Eu acredito que a essência de todo servidor público é simplesmente a prestação de serviço, sem nenhum interesse pessoal, a não ser o vencimento que ele recebe por isso. Em relação às polícias, eu vejo que tem que ter disciplina, uma doutrina de trabalho, e foi isso que eu trouxe depois de trabalhar 30 anos na Polícia Federal. Lá, a gente não admite que um colega não tenha um compromisso com o serviço público. Um colega não passa a mão por cima do outro se ele está participando de alguma situação irregular, até porque os próprios colegas se policiam uns aos outros para que isso não aconteça. Isso fortaleceu a Polícia Federal. Eu aprendi isso e trouxe para cá. Isso é uma questão natural. Todas as pessoas deveriam trazer esse perfil. E foi com essa idéia que nós fizemos e estamos fazendo as mudanças necessárias na administração. Eu não sou o “Joãozinho do Passo Certo”, mas estou colaborando e colocando pessoas em que realmente eu possa encontrar essa característica, um tipo de pessoa que siga essa mesma linha. É uma linha da moralidade pública, da transparência. Eu não posso ver um serviço público que não tenha esse perfil.
Qual o balanço que o senhor faz desses seis meses à frente da Defesa Social? O que mudou na segurança do Estado?
Os dados que eu posso informar são em cima das estatísticas. Nós diminuímos consideravelmente o número de homicídios e a polícia está agindo com eficiência nos locais onde os homicídios estão sendo cometidos. Hoje, nós estamos prendendo as pessoas que estão participando de crimes, e o resultado disso vamos sentir com o tempo. O que eu vejo de bom hoje é que em qualquer tipo de crime que seja cometido há eficiência na solução do caso. E na área de prevenção, eu tenho visto no trabalho das polícias muitas apreensões de drogas, armas e a presença deles junto à população, o que tem inibido os crimes. Eu tenho satisfação, apesar de não ter a logística necessária para isso, de ver o cidadão alagoano hoje andar e encontrar, em todo lugar, uma viatura da Polícia Militar. Mas existem muitas dificuldades ainda. No 190, por exemplo, que é a ligação direta entre a polícia e a população, ainda há carências no atendimento. Nós estamos melhorando isso com os recursos que estão vindo do governo federal para trazer uma tecnologia um pouco mais moderna e que seja muito mais eficiente, porque, hoje, realmente é muito carente a prestação de serviço da Polícia Militar através do telefone 190.
Qual o valor dos recursos que estão para chegar a Alagoas vindos do governo federal?
São R$ 47 milhões, que estão distribuídos em vários projetos
Em relação ao Pronasci, que é um programa federal que visa a polícia cidadã, de que forma o projeto está sendo implantado em Alagoas?
Essa é uma política do governo federal que visa apoiar os estados que têm aproximado os órgãos de segurança da sociedade. Nós temos aqui na secretaria mais de 1.600 pessoas formadas com a filosofia da polícia cidadã. São pessoas que estão sendo orientadas para que a secretaria possa chegar nas comunidades e ouvi-las, fazendo com que a polícia fique mais próxima a esses locais, principalmente os que estão em situação de risco; onde a criminalidade é maior. Você consegue ter êxito em um projeto de apoio de recurso financeiro se tiver projetos vinculados ao Pronasci que dizem respeito à ação da secretaria de segurança pública voltada mais a essa aproximação com a comunidade. O cidadão tem que ter confiança na segurança pública.
Quando o senhor chegou, uma das principais reclamações era a falta de viaturas. Muitas já foram locadas. A gente pode dizer hoje que esse problema já está sanado? Existe previsão para locação ou aquisição de mais viaturas?
O problema não está sanado. Nós temos 102 municípios e seria razoável que em cada um desses municípios os policiais tivessem viaturas novas e, hoje, nós não temos um número suficiente. Nós locamos 100 viaturas, e somente a grande Maceió já consome quase metade, mas elas já deram um alívio às ações das duas polícias. Eu espero, e é necessário que no ano que vem possamos locar ou comprar uma quantidade aproximada de 100 viaturas ou mais, o que já vai dar uma ajuda muito boa. Já existem alguns projetos que nós encaminhamos à Senasp que talvez possibilitem a compra de cerca de 90 viaturas. Além das viaturas para as polícias existe outra situação, o próprio IML e o Instituto de Perícia também precisam de veículos e nós estamos procurando suprir. Já compramos agora dois carros novos para o IML e recuperamos alguns carros deles. O nosso único empecilho para ter uma segurança mais completa é reconhecer que o Estado tem dificuldades financeiras e não pode, de uma hora pra outra, resolver todos os problemas.
Hoje, seis meses depois de o senhor assumir, qual o principal problema ainda existente na segurança do Estado?
No âmbito da Polícia Civil é ampliar um pouco o contingente de policiais, tanto de delegados, quanto de escrivãos e agentes. Muitos delegados do interior do Estado ainda cobrem dois municípios, o que faz com que, na verdade, os dois municípios continuem carentes. Já existe um processo em andamento para concurso para delegado que já está no Gabinete Civil. Outro problema é dinamizar um pouco, tornar mais pró-ativa a própria ação da Polícia Civil nas áreas das Deplans, que ainda é muito complicada. A população reclama muito que não é bem atendida e isso deixa a pessoa desestimulada, desacreditada na segurança. Então nós temos que dar uma modernizada nisso. Estamos tentando alugar um prédio no Centro da cidade, onde possamos reunir as polícias Militar e Civil, para dar uma assistência melhor à população. Seria uma central de polícia que funcionaria 24 horas.
Como o senhor define o secretário Paulo Rubim?
Eu entrei na Policia Federal ainda jovem e atuei em todas as regiões do país. Sou um policial que aprendeu muito com a ética, com o conhecimento, com aprendizado e com o companheirismo dos meus colegas da Polícia Federal. Eu sou um policial que tenta cumprir a lei e, como delegado federal, tenho uma formação jurídica.
Como o senhor define o cidadão Paulo Rubim? Consegue desvincular o trabalho da vida pessoal?
Eu sou um cidadão casado, tenho quatro filhos. Saio daqui e vou pra casa. Eu consigo, sim, me desvincular da questão policial, porque é uma situação com a qual eu fui obrigado a conviver durante os 30 anos em que estive na Polícia Federal. Apesar de ter sempre aquela doutrina de cumprimento do dever, essa questão policial não pode ficar sempre na minha cabeça. Como cidadão, eu procuro ver justiça em todos os setores e ver onde eu posso colaborar. Eu não tenho nada de especial. Sou só um policial.