Ademar Gomes, advogado de Everaldo Pereira dos Santos, pai da adolescente Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, disse neste sábado que seu cliente pode estar em Mato Grosso ou Goiás. Gomes afirmou, em entrevista à TV Record que não podia precisar onde Santos se encontra no momento.
Questionado se mantém contato telefônico com seu cliente, Gomes se recusou a responder, caso contrário, afirmou, teria que mentir aos telespectadores. Segundo o advogado, Everaldo tem o direito de estar foragido e não vai se entregar porque tem medo de ser morto, mesmo na prisão. Gomes afirmou que esta possibilidade foi admitida como "70% de chance" por um juiz em entrevista à imprensa.
O advogado contou que duas ou três pessoas relacionadas ao caso em que Everaldo é investigado já foram mortas em prisões em Alagoas. Ele afirmou ainda que vai esperar mais dez ou 15 dias para decidir qual atitude será tomada pela defesa do pai da adolescente.
Ademar Gomes explicou que espera ter acesso a todo o processo do caso, para avaliar alguma possível falha e pedir o habeas corpus para que seu cliente possa responder ao processo em liberdade.
O advogado afirmou que o fato de seu cliente ter saído de Alagoas e se mudado para São Paulo, mesmo alterando sua identidade, mostra que ele tem "boa índole" e que é um "homem cristão", que reiniciou sua vida aqui e não teve problemas com a Justiça desde então.
Sobre os crimes que Everaldo é acusado, Gomes afirmou que ele esteve envolvido em uma guerra entre as polícias Civil e Militar ocorrida no Estado e que pode saber demais. Ele também cogitou o fato de o pai de Eloá ter matado alguns "bandidos" e assim feito inimigos em Alagoas.
A Polícia Civil de Alagoas informou que Everaldo Pereira dos Santos, ex-cabo da Polícia Militar é considerado foragido pela Justiça do Estado. A informação também foi confirmada pelo juiz criminal Geraldo Amorim, que investiga o suspeito de integrar a chamada gangue fardada, formada por policiais militares acusados de seqüestros, assassinatos e registros ilegais de carros.
O pai de Eloá, conhecido pelo apelido Amarelo, foi indiciado por homicídio triplamente qualificado pela morte do delegado Ricardo Lessa e do motorista dele, Antônio Carlota, em outubro de 1991.
Para supostamente evitar ser localizado pela polícia alagoana desde que deixou o Estado, em 1993, ano em que foi expulso da Polícia Militar por deserção, Everaldo Pereira teria trocado o nome da filha. Segundo a certidão de nascimento no cartório de Registro Civil de Maceió, o nome verdadeiro dela é Eloá Pereira Pimentel e não Eloá Cristina Pimentel da Silva.
Seqüestro em Santo André
Sobre o caso do seqüestro em Santo André, que terminou com a morte da filha de Everaldo, Eloá Cristina Pimentel, Ademar Gomes afirmou que ainda não estudou a situação para determinar se será ou não pedida uma indenização à família da adolescente, por conta da atuação da polícia.
No entanto, ele afirmou durante a entrevista à Record que, dentro da lógica, mover processo contra dano moral e dano material, que levaria a uma indenização estimada entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões.
Ele criticou uma suposta atuação "primitiva" da polícia na negociação do seqüestro, dizendo que os policiais usavam um copo para escutar o que era dito dentro do cativeiro ao invés de usar câmeras ou microfones.
De acordo com o advogado, ele recebeu uma ligação pouco antes do desfecho do seqüestro informando que Lindemberg Alves, 22 anos, o sequestrador de Eloá, teria desistido de se entregar na sexta-feira, mudando a data para a segunda. Segundo ele, isso poderia ter motivado a invasão da polícia.
Ademar Gomes disse também que pretende ouvir a adolescente Rodrigues da Silva, 15 anos, para confirmar se um tiro teria sido disparado no cativeiro antes da invasão dos policiais.
O advogado discordou da mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, que afirmou, também em entrevista à Record, que a polícia deveria ter atirado em Lindemberg para encerrar o seqüestro. Segundo ele, uma invasão em circunstâncias mais favoráveis seria mais apropriada para encerrar o caso.
Gomes afirmou que Lindemberg deve enfrentar, exagerando, segundo ele, uma condenação de 40 a 50 anos de prisão, mas que, com os dispositivos legais, deve estar solto em um período de 10 a 12 anos.