O alagoano Milton Omena Neto, 15 anos, pode ser considerado um garoto “pés no chão, cabeça nas estrelas”. O adolescente, que mora na capital pernambucana com a família, é o brasileiro mais jovem a participar – pela segunda vez – de um treinamento de formação na Nasa, a agência espacial americana, no U.S Space Camp, em Huntsville, Alabama.
O sonho de conhecer o espaço começou ainda na infância. “Astronauta”, era essa a resposta do menino, que ganhou seu primeiro computador aos dois anos, à pergunta: “O que você quer ser quando crescer?”.
Percebendo que o desejo do neto não era só uma brincadeira de criança, o avô paterno descobriu em uma viagem aos Estados Unidos que a Nasa estava selecionando integrantes para cursos e inscreveu o garoto, que estreou na agência espacial americana com apenas 11 anos, um inglês fluente e a responsabilidade de ser o único brasileiro selecionado para o curso.
Ao voltar desta primeira temporada, Neto trouxe na bagagem o macacão azul com o símbolo da Nasa e tudo o que aprendeu nos cursos de robótica, pilotagem de caça e sobrevivência no espaço. Já no Brasil, ele montou um robô com peças da Lego, Ditz, capaz de desenhar e carregar copos, que se apresentou em várias escolas, feiras de tecnologia e até no maior shopping de Recife.
Da segunda temporada na agência espacial, de onde voltou no mês passado, o alagoano trouxe ainda mais conhecimento nas áreas de Física, Biologia Espacial e sobrevivência no espaço e um sonho tão ousado quanto àquele da infância: Neto quer passar adiante o que aprendeu na agência espacial. O curso, que ele batizou de “Para menores se tornarem maiores”, será colocado em prática em dezembro, no Recife.
Rotina
Neto conta que a rotina na Nasa é muito rigorosa, estando longe da aura de glamour que costuma cercá-la. “Acordamos às 6h e dormimos às 23h. Só paramos para fazer as refeições", diz o menino.
Ele conseguiu a primeira colocação em todos os cursos que participou por lá, competindo com adolescentes de vários países, e credita ao esporte, outra paixão, sua disciplina e o aprendizado sobre como trabalhar em equipe. Neto começou a nadar aos seis meses, pratica artes marciais desde os quatro anos, faz trilhas de aventura, ciclismo e rapel.
Seu bom desempenho na agência espacial rendeu uma bolsa de especialização em engenharia espacial na Universidade do Alabama e convites para cursar engenheria em universidades da Austrália, Nova Zelândia e Canadá.
Neto cursa o primeiro ano do ensino médio, e ainda não sabe o que escolherá para o futuro, mas seus olhos brilham quando fala no presente e na possibilidade de mostrar a outros jovens tudo o que descobriu além das fronteiras. Alguém duvida de que ele é mesmo um menino pés no chão, cabeça nas estrelas?