Aids:Pacientes querem evitar mudanças físicas

professor e coordenador do Núcleo de Estudos e Ações Multilaterais de Cooperação em Educação e Saúde (NEAMCES) da Universidade de Brasília, Mário Ângelo Silva
professor e coordenador do Núcleo de Estudos e Ações Multilaterais de Cooperação em Educação e Saúde (NEAMCES) da Universidade de Brasília, Mário Ângelo Silva

“A cara da aids mudou no Brasil”. Ao contrário do que se possa pensar, a frase de Regina Cohen, soropositiva há 11 anos, nada tem a ver com mudança no grupo de risco de contaminação pelo vírus. A mudança à qual ela se refere diz respeito às transformações físicas provocadas pelos medicamentos nas pessoas que têm a doença.

Essas transformações são sentidas principalmente pelos pacientes que usam os medicamentos anti-retrovirais há mais tempo. Nas mulheres, as costas ficam mais largas, há aumento nas mamas e perda de massa muscular nos membros. Nos homens ocorre o aumento da barriga e acentuamento de vinco na face.

Uma das consequências da descaracterização do corpo é a queda da auto-estima. Há ainda pacientes que deixam de tomar a medicação e outros que nem aderem ao tratamento ao perceberem as mudanças sofridas por outras pessoas.

“Tem pessoas que deixam de tomar a medicação por causa da transformação que exclui as pessoas socialmente. Tem pessoas que ficam infelizes. E os novos não estão querendo tomar a medicação com medo das transformações pelas quais passamos”, afirma Regina Cohen, que também é integrante do Movimento Nacional das Cidadãs Positivas.

Ela conta que teve o corpo totalmente modificado e que o marido, que convive com a aids há 20 anos, teve de passar por uma cirurgia de preenchimento na face.

O pesquisador e consultor do Ministério da Sáude sobre HIV/Aids, Mário Ângelo Silva, afirma que as consequências não são exclusivas dos medicamentos, mas também da própria ação do vírus no organismo. E aponta que há medidas a serem adotadas pela rede de saúde para amenizar, ou mesmo evitar o problema.

“Tem como evitar se forem disponibilizadas para essas pessoas atividades físicas e nutricionais que possam prevenir esses problemas, além de cirurgias reparadoras para quem já está vivendo o problema.”

Segundo ele, há portarias do Ministério da Saúde que tratam do assunto e recursos disponíveis. O que falta, diz Mário Ângelo, é a adesão da rede de saúde de estados e municípios que precisam contratar profissionais e organizar os serviços. Ele ainda alerta que quanto mais cedo o paciente tiver acesso a esses recursos, menores serão as transformações.

Hoje (29) o Pólo de Prevenção DST e Aids da Universidade de Brasília (UnB) realizou um seminário para discutir as alterações corporais das pessoas que vivem com o vírus. O evento já faz parte das atividades do Dia Mundial de Luta contra a Aids, que será lembrado na próxima segunda-feira (1º).

Fonte: Radiobrás

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