Quando os alagoanos aguardavam uma verdadeira bomba visando ao esclarecimento da fraude eleitoral, ouvimos apenas o barulho de um traque, daqueles que até criança estoura entre os dedos.
A frustração é geral! A sensação de impunidade toma conta de todos, principalmente quando vimos pela televisão possíveis fraudadores sendo diplomados. As opiniões são unânimes, das igrejas às mesas de bar. A impressão que se tem é que a “Voto de Cabresto” foi mais uma satisfação pública a uma operação de resultados.
Particularmente, nutro a esperança que o processo de punição está apenas começando. Quero acreditar que só contra “os dois” não haviam provas e foi necessário a operação para colhê-las.
Acredito que nos inquéritos abertos já constam as provas contra os demais fraudadores, pois diante das experiências vitoriosas, a Polícia Federal jamais demonstraria seu “modus operandi”, fazendo com que outros marginais destruíssem as possíveis provas ainda existentes. A correria foi grande. Por falta de contingente, creio, os inquéritos estão inconclusos.
De todos os comentários um me chamou mais atenção: o prefeito Cícero Almeida, inconformado pelo indiciamento de um parente, afirmou, através da imprensa, que “se a PF aprofundar as investigações não fica ninguém e que não é justo ‘só os dois’ serem punidos”.
Todos sabem que o prefeito reeleito teve uma votação fenomenal. Comandou as grandes coligações e conviveu muito próximo aos candidatos durante a campanha. Consequentemente, foi responsável pela vitória da maioria deles – os mesmos que ele hoje acusa de crime eleitoral.
Tanto é que hoje cobra a fatura publicamente, sem cerimônia: quer que a Mesa Diretora da Câmara seja composta por aliados. Pelo que sei, só se cobra a quem deve.
Portanto, faço um apelo cívico ao Cícero, que procure a Polícia Federal e diga o que sabe, já que, segundo o mesmo, a maioria comprou votos. Seria a atitude mais coerente que uma autoridade alagoana tomaria em toda a nossa história, e até eu passaria a acreditar nele.
Reconhecemos o esforço da OAB, do TRE, da Polícia Federal e de outras instituições. Durante o pleito, a sociedade atendeu o chamamento das mesmas, colaborando. Foram geradas muitas expectativas. O silêncio pós-eleição aumentou ainda mais a nossa ansiedade.
Porém, a estrutura montada de fiscalização e investigação foi incompatível com o número de denúncias. E os fraudadores sabiam e apostaram nessa deficiência. Daí a frustração da sociedade, pois se esperava mais… muito mais!
Por outro lado, sugiro ao TRE que intime o Almeida para colaborar, pois, da forma que fez
suas colocações, deve ter muito a esclarecer para a lisura das eleições e consequente punição dos culpados. Certamente, estamos diante de uma testemunha importante.
Quem sabe agora a gente descubra a origem de tanto dinheiro para a compra de votos? Quem comprou votos, pediu para votar em qual candidato a prefeito? Por isso concordo com o prefeito. A sociedade também concorda com ele. E ele, finalmente, concorda comigo, pois logo após a eleição, o Alagoas24horas publicou um artigo de minha autoria intitulado “PERDI POR INSUFICIÊNCIA DE VOTOS”, versando sobre o que o Cícero hoje afirma, dando conta da ilegitimidade do pleito. Agora só depende da PF e do TRE… Boas Festas !