Clima entre deputados esquenta na Assembléia Legislativa

Cícero Ferro chamou a atenção para a violência no interior do Estado
Cícero Ferro chamou a atenção para a violência no interior do Estado

O clima entre os deputados esquentou na sessão desta tarde na Assembléia Legislativa. Tudo começou quando os parlamentares decidiram criticar a entrevista concedida pelo deputado Cícero Amélio (PMN) ao jornalista Ricardo Mota, pela manhã, na TV Pajuçara, na qual ele prometeu dar transparência ao Legislativo, caso o futuro presidente da Casa seja o deputado Antônio Albuquerque (PFL). “Mentiroso, ladrão”, foram termos usados no plenário contra Amélio.

O primeiro a se pronunciar sobre a entrevista, externando o clima de discórdia entre os deputados foi o primeiro-secretário da ALE, deputado Arthur Lira (PMN). “Cheguei hoje à Assembléia enojado com as declarações do deputado Amélio. Ele prometeu transparência nas ações desta Casa, já que se declara candidato à secretário da futura Mesa Diretora, com a eleição do deputado Antônio Albuquerque. É bom lembrar que, quando ele ocupou este cargo, promoveu a transparência com o incêndio de documentos”, alfinetou Lira.

Este foi o ponto de partida para outras críticas surgirem entre os deputados. Cícero Ferro (PMN) acusou Amélio de “roubo”. “Posso provar o que digo, porque na época dele (Amélio), quatro folhas salariais deixaram de ser pagas. Ele promoveu o maior desmando da Assembléia. Determinados recursos foram roubados e não sei com que cara ele vai para a televisão, depois de ter assumido compromissos com mais de um grupo político e não cumprir nenhum. Ele desapareceu com R$ 25 milhões desta Casa”, acusou Ferro.

Acusações

O deputado aproveitou para fazer declarações fortes contra Albuquerque. “Espero que ele esteja aqui amanhã, pois quero dele explicações sobre o crime em Taquarana, onde ele é o principal acusado. Ele (Albuquerque) anda passando a espingarda na boca do povo. Há cerca de 15 dias, invadiu uma casa e ameaçou matar o filho de uma senhora. Agora, quer aparecer como bom moço, um homem honesto e de bem, que não anda com seguranças e dirige o próprio carro. Ando com policiais militares porque sofri um atentado há três anos e fiquei em coma por 15 dias. Depois disso já sofri duas emboscadas. Pedi providências à polícia e nada foi feito”, desabafou Ferro.

Em 1999, quando Albuquerque era presidente da ALE e Amélio, primeiro-secretário, houve um incêndio no gabinete da presidência, que se alastrou até o auditório da Assembléia. Na época, alguns documentos foram queimados. A Mesa Diretora disse que apenas documentos sem importância foram perdidos no incêndio. A polícia nunca conseguiu apresentar um laudo conclusivo sobre as causas do incidente.

O deputado Cícero Amélio não compareceu à sessão da Assembléia e nem foi encontrado para falar sobre as críticas e denúncias feitas contra ele. Seu telefone celular estava desligado e o de sua residência só chamava. O deputado Antônio Albuquerque também não foi encontrado para se pronunciar. Um de seus telefones estava desligado e o outro, ninguém atendia.

LIMINAR

Ainda na sessão de hoje da Assembléia, o deputado Nelito Gomes de Barros (PMN) comunicou ao presidente da Assembléia, deputado Celso Luiz (PMN) que a desembargadora Elizabeth Carvalho Nascimento havia concedido uma liminar que impedia a tramitação do projeto de resolução que altera a composição das Comissões Permanentes da Casa. O projeto, aprovado na sessão de ontem, altera de três para cinco o número de componentes das comissões. Os deputados criticaram duramente a decisão da desembargadora.
O deputado Arthur Lira considerou a medida “extemporânea”. Ele considerou a medida como uma interferência de um poder no outro.

O vice-presidente da Assembléia, deputado Francisco Tenório (PMN) lembrou a Constituição Federal, que prega a independência entre os poderes. “Além disso, é ineficaz, porque se trata de uma decisão já tomada pelo plenário desta Casa”, explicou.

Na verdade, o projeto de resolução foi aprovado em primeira discussão e ainda não foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE). Assim, considera-se que a matéria está em tramitação. Na concessão da liminar, a desembargadora Elizabeth Carvalho considerou o artigo 208 do Regimento Interno da ALE, que estabelece que 15 dias antes do início do recesso, qualquer votação precisa de um mínimo de dois terços dos deputados, ou seja, 18 dos 27 parlamentares.

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