O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), negou nesta quinta-feira que tenha recebido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a oferta para ocupar o Ministério das Relações Institucionais em troca de desistir da disputa à reeleição pelo comando da Casa Legislativa.
Ele também descarta a realização de prévias para definir o candidato da base governista à presidência da Câmara, como sugeriu ontem o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) –adversário de Aldo na disputa.
A desistência de Aldo poderia abrir caminho para a eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP), evitando um racha na base aliada do governo. Aldo se reuniu com Lula na noite desta quarta-feira, no Palácio do Planalto, e reiterou que não está disposto a recuar da candidatura.
"A eleição para a presidência da Câmara na democracia não pode limitar ou restringir candidaturas. O que pode é buscar o acordo, o consenso, a unidade da instituição", afirmou.
Aldo se mostrou contrário à proposta de Chinaglia de submeter o nome dos dois candidatos aliados a uma prévia entre os partidos da base para a escolha de um único nome na disputa. Na opinião de Aldo, a oposição não pode ser excluída das negociações para a escolha do novo presidente da Casa.
"A construção da agenda da Câmara exige diálogo entre a base do governo e a oposição. Excluir a oposição não ajuda. A composição da agenda exige diálogo permanente e confluência, sem excluir as divergências entre os partidos", disse.
A posição de Aldo contrária à prévia, segundo aliados do presidente da Câmara, se justifica com o argumento de que o deputado contabiliza grande parte de seus eleitores em partidos da oposição, como PSDB e PFL.
Nos bastidores, ele vem conversando com vários representantes da oposição e do PMDB –como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os governadores de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), e do Paraná, Roberto Requião (PMDB), além de parlamentares do PSDB.
Aldo também teria se mostrado contrário à prévia depois da derrota do governo para a oposição na disputa pela vaga de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União). A derrota foi resultado, segundo avaliação de setores da base, da imposição do PT em lançar um candidato sem respaldo nos partidos.
O presidente da Câmara reiterou que pretende encaminhar carta aos parlamentares com as principais diretrizes de sua candidatura. "O compromisso deve ser com a democracia, pluralidade da Casa, lutar pela harmonia entre os Poderes", disse.
Folha Online