Em entrevista ao Bom Dia Alagoas, na TV Gazeta, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), sinalizou com a possibilidade de resolver o impasse causado com a publicação do decreto 3.555, que suspende o reajuste salarial dos servidores estaduais.
“A medida foi absolutamente necessária. Doeu tanto em mim quanto em qualquer outra pessoa. Eu também estou muito indignado, muito constrangido, muito sofrido com essa medida, porque eu sou gente, eu sou pai de família e imagino o que é faltar na mesa de uma casa um recurso que a pessoa já tinha como uma coisa certa e correta. Por isso fomos a Brasília e tivemos reuniões importantes com nove ministros e o presidente Lula”, explicou o governador.
Segundo Teotonio a equipe econômica do governo de Alagoas fez um estudo de urgência e a alternativa encontrada para contornar a crise foi recorrer aos contribuintes. “Fiz um esforço extraordinário junto aos contribuintes do Estado para que fossem antecipados recursos que me permitiram, ontem, numa reunião longa com a comissão de servidores, fazer a proposta de aumento para todos a partir de abril, com exceção deste último dos professores, que é bem maior e que nós ainda não temos condições de assumir um compromisso firme para não faltar”, afirmou.
Dentro da lei
O governador garantiu que a antecipação de receita não fere a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “É uma situação emergencial Eu vou precisar trabalhar duro neste mês para transformar isso numa situação definitiva. Estou negociando para escalonar essa antecipação em 12 meses. Imagine o esforço que estamos fazendo; sacrificando receita; temos que buscar soluções para que não vire uma bola de neve. Essa antecipação foi o caminho que encontramos para resolver sem ferir a LRF”.
Educação
O governador também adiantou que a situação dos professores, no que diz respeito a isonomia salarial, será tratada a parte, porque o volume de recurso é bem maior e o Estado ainda não tem condições de cumprir. “Eu sou favorável a isonomia dos professores; ela é justa, legítima e necessária. Os professores precisam estar estimulados. Eu concordei com o aumento dos servidores, só que eu não sabia que ia pegar o Estado da forma que peguei”. Explicou Teotonio.
Dívida
Quanto à dívida do Estado, o assunto acabou gerando o primeiro impasse direto com os ex-governadores Ronaldo Lessa e Luis Abílio. “Os números das contas do Estado ainda não foram fechados, mas posso afirmar que a dívida me causou surpresa. Uma das marcas do nosso governo são sinceridade e clareza absoluta. Nossas contas estão abertas”.
Questionado pelo âncora do programa, jornalista Gilvan Nunes, sobre a diferença entre os valores da dívida, o governador foi enfático: “Acredito que os ex-governadores estão mal informados. Até agora o débito chega à casa dos R$ 400 milhões e não R$ 40 milhões, como foi noticiado. As nossas contas estão abertas. Eu disse aos servidores que enviassem um técnico à Secretaria da Fazenda. Eu não teria um desgaste desse com os servidores. Eu sou o governador; nosso governo tem um rumo”.
Surpresa sobre o decreto
Sobre o decreto, Teotonio surpreendeu. “Taticamente e politicamente não foi bem feito. Agora, em termo de responsabilidade, teria que ser feito. É como disse o pessoal do tesouro (nacional): governador, quando o trem sai do trilho demora para retornar. E eu perguntei a eles quanto tempo levaria para voltar e eles disseram que aproximadamente um ano. Imagine o Estado ficar um ano sem receber recursos”, indagou o governador
Ajuda federal
Com relação à reunião que teve com o senador Renan Calheiros (PMDB) e o presidente Lula, o governador sinalizou com boas notícias para o Estado. “O presidente garantiu que vai encaminhar um assessor especial, que vem acompanhado de membros de todos os ministérios. Eles vão se reunir com a nossa equipe e definir as necessidades e criar projetos para melhorar os nossos índices. Eu voltei de Brasília extremamente confiante. Esse governo tem rumo”.
Rompimento político
Quanto ao relacionamento com os ex-governadores, Teotonio disse não acreditar em rompimento. “Não há motivos pra isso. Claro que a situação é difícil, mas nós não estamos aqui para crucificar ninguém. O que há é um problema de ordem financeira e uma crise por causa da diferença nos números”, finalizou, descartando qualquer possibilidade de exoneração de secretários do grupo dos ex-governadores. “ Os secretários são competentes e responsáveis. Nosso governo vai sempre se pautar pela busca da competência e seriedade.