“Ele é a maior referência de pessoa inteiramente dedicada ao folclore alagoano. Apesar de ter sido médico, ele foi um folclorista e pesquisador de arte popular por opção”. É desta forma que a professora Leda Almeida, diretora do Museu Théo Brandão da Ufal, refere-se ao patrono do Museu, o antropólogo e folclorista alagoano Théo Brandão que, se estivesse vivo, completaria 100 anos neste dia 20 de janeiro.
Para comemorar o centenário, a Ufal, em parceria com a prefeitura de Viçosa, cidade natal do pesquisador, preparou uma programação especial para os próximos dias 25 e 26 no Museu Théo Brandão. O evento será aberto nesta quinta-feira, às 19h, com exposição fotográfica e lançamento do Selo Comemorativo dos Correios.
Haverá, ainda, a entrega das “Medalhas do Centenário Théo Brandão” que, segundo Leda, representa uma homenagem a pessoas que dão continuidade ao trabalho de Théo Brandão e que, de alguma forma, contribuem com a história e a preservação do Museu. A noite será encerrada com apresentações de folguedos.
A exposição fotográfica que abre o evento permanecerá em cartaz durante algumas semanas no Museu e, quando terminar, irá para Viçosa, tornando-se acervo permanente na Casa do Folclore de Viçosa, preenchendo um espaço disponível no local, que será batizado de “Sala Théo Brandão”.
A sexta feira, 26, além de apresentações folclóricas, será um dia dedicado a palestras e debates com temas relacionados a cultura popular alagoana. Às oito horas acontece o seminário com o tema “Théo Brandão e Folkcomunicação”, com a participação de professores e jornalistas do Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos interdisciplinares em Comunicação. Também serão abordadas as temáticas “Théo Brandão: Presença no Jornalismo e Destaque na Cultura Alagoana”, “Reconhecimento e Continuidade de uma Obra” e “Théo Brandão: Professor e Educador”.
O evento será encerado com o lançamento do livro “O Reisado Alagoano”, de Théo Brandão, declamação de poesias e apresentações de pastoril e do Reisado do Bananal de Viçosa.
Uma história pela cultura alagoana
Apesar de ter sua formação em medicina, Théo Brandão passou grande parte de sua vida dedicada à pesquisa e à promoção da cultura popular. Seus primeiros trabalhos, publicados na Revista do Instituto Histórico, versam sobre Medicina Folclórica, assunto pelo qual se interessou desde 1932, como pediatra do Centro de Saúde de Maceió.
Além da colaboração semanal em suplementos literários de jornais de Alagoas, de Pernambuco e do Rio de Janeiro, o pesquisador desenvolveu obras enfocando os folguedos, trabalhos estes que lhe renderam premiações como o Othon Lynch, da Academia Alagoana de Letras, pelo livro Folclore de Alagoas, e o Prêmio Mário de Andrade, da Prefeitura de São Paulo, pela obra “O Reisado das Alagoas”, ambos em 1949. Em 1950, recebeu novamente o mesmo prêmio por “Os Pastoris de Alagoas”.
Na Universidade Federal de Alagoas exerceu o cargo de Diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Quando se aposentou, passou a se dedicar unicamente à pesquisa e à promoção do folclore alagoano. A diretora do museu Leda Almeida explica que Théo Brandão conseguiu fomentar uma geração que se interessasse pela antropologia e pelo folclore alagoano: “Ele formou um legado de amantes e pesquisadores da cultura popular, um legado que nos move e nos faz não apenas querer preservar, ms resignificar a cultura alagoana”.
Em 1975, todo o acervo pessoal do pesquisador, formado a partir de suas incursões e estudos, foi doado Ufal, dando origem ao Museu, que primeiramente funcionava em uma instalação no Pontal da Barra, durante a gestão do reitor Nabuco Lopes. Só em 1977 o acervo foi transferido para o prédio da Avenida da Paz, onde funciona hoje. “Théo no presenteou com as produções de mestres, de brincantes, e pessoas que fazem a cultura popular das Alagoas, que ele tanto conheceu. Justíssimo que nosso museu ostentasse seu nome”, conclui a professora Leda..