Às vésperas da eleição para as presidências da Câmara e do Senado, o clima de disputa nas duas Casas é oposto. Enquanto a campanha pelo comando da Câmara se intensifica e o resultado é imprevisível, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), caminha para uma reeleição tranqüila.
Beneficiado por um acordo entre PT e PMDB, Renan tem como único adversário até agora o senador José Agripino (PFL-RN) e não vê seu favoritismo ameaçado. Apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a expectativa é de que o peemedebista seja reeleito com, ao menos, 50 dos 81 votos da Casa.
Renan tem evitado dar entrevistas, mas em conversas reservadas costuma se referir às bênçãos do Planalto apenas como "uma deferência" a seu nome. Enxerga a vitória basicamente como fruto do seu trabalho no posto e ao fato de ter arrebanhado votos em todos os partidos, inclusive no PFL de Agripino. Além do PMDB e do PT, Renan tem o apoio formal do PDT, do PSB e do PTB.
Entre os 13 senadores tucanos, contabiliza pelo menos o voto de quatro, entre os quais o alagoano João Tenório. Enquanto os governistas dão como certa a reeleição de Renan, Agripino corre contra o tempo. Embora até os pefelistas classifiquem como "mínimas" as chances de derrotar Renan, ele não descansa. Acredita em reviravolta e diz que as últimas horas serão decisivas.
"Criou-se um clima de que o Renan é favorito absoluto. Mas eu não entraria na disputa sem chance real de vitória", afirmou. "Estou trabalhando e segunda, terça e quarta-feira vão ser três dias de luta intensa e de decisão". O próprio Agripino não fala. Mas seus aliados reclamam das pressões do Planalto e da "cooptação" de senadores para assegurar a vitória de Renan. Só na semana passada, o pefelista, segundo seus interlocutores, teria perdido dois votos conquistados por pressão da "turma de Lula".
"Eu vou surpreender", prometeu o pefelista, que diz ter votos em todos os partidos, inclusive no PMDB de Renan.
Comissões
Renan já avisou seus colegas de Senado que vai respeitar a proporcionalidade dos partidos na divisão de cargos na Mesa e nas comissões. Já acertou, por exemplo, que caberá ao PDT, com quatro senadores, indicar Cristovam Buarque (DF) para a presidência da Comissão de Educação. Com a segunda maior bancada – 17 parlamentares -, o PFL deve manter o senador Antonio Carlos Magalhães na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No PSDB, Tasso Jereissati (CE) deverá ficar à frente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Com o PT ficaria a Comissão de Fiscalização e Controle.
Às demais siglas caberá uma repartição em relação às outras seis comissões. As bancadas vão decidir suas posições em reuniões marcadas até quarta-feira, véspera da eleição no Congresso.
A procura maior ocorre em torno dos sete cargos de titulares da Mesa Diretora. Cabe aos ocupantes das vagas dirigir as sessões plenárias, opinar sobre matérias administrativas, além de ter o direito de fazer novas contratações, fora das 11 autorizadas nos gabinetes. Os salários são elevados e variam de R$ 3.500 a R$ 9.000. Só na presidência, por exemplo, o ocupante pode preencher 36 vagas. Prerrogativa semelhante cabe ao primeiro-secretário, que pode ter mais 14 assessores.
Fonte: Estadão