Quando o ciúme vira sinal de perigo

Em oito dias, quatro casos de ciúmes tomaram conta do noticiário

Na última semana, a ex-BBB Cida, de 23 anos, apanhou do marido no Rio de Janeiro e a astronauta Lisa Nowak tentou seqüestrar uma colega de trabalho nos Estados Unidos. No Paraná, uma empresária de 58 anos invadiu uma lanchonete com o carro. E Djair Silvério da Cunha, pai do jogador Diego, da seleção brasileira, foi preso por tentar atropelar um ciclista no interior de São Paulo. O que todos esses casos têm em comum? A polícia, as vítimas ou os próprios acusados dizem que os crimes foram motivados pelo ciúmes.

Todo mundo conhece algum ciumento. São pessoas que reclamam da roupa, das conversas, dos passeios e estão sempre desconfiadas. Nos casos mais extremos, chegam a provocar crimes, como os casos citados acima.

O psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, do Hospital das Clínicas, diz que o ciúme tem causas biológicas, psicológicas e sociais. "Uma coisa é sentir ciúme. O problema é a maneira como se expressa esse sentimento", diz ele, que é autor de dois livros sobre o tema: "Ciúme: o medo da perda" e "Ciúme: o lado amargo do amor".
Ferreira-Santos conta que estudos recentes realizados nos Estados Unidos mostram que os ciumentos são pessoas que têm déficit de serotonina. "Essa substância dá a sensação de bem-estar. Quando está em um nível muito baixo, a pessoa tem depressão. Em índices um pouco mais altos, pode dar a sensação de insegurança", explica o especialista.

A questão biológica, combinada com o ambiente em que a pessoa vive e com os traços de personalidade, pode acabar em um resultado bombástico. "Os ciumentos são pessoas inseguras, que têm a auto-estima baixa e estão sempre se sentindo piores do que os outros", completa Ferreira-Santos. "Se houver algum traço de neurose, a situação pode se tornar obsessiva. O ciúme pode acabar se traduzindo em perseguições e ações violentas."

Segundo o psiquiatra, mulheres e homens sentem ciúme de maneira diferente. "É uma questão cultural. As mulheres têm medo de perder a relação, têm problemas em perceber o envolvimento do marido ou namorado com outras. A preocupação dos homens é mais física. Eles sentem ciúme sexual."

Na vida real

A empresária Simone Soares, de 32 anos, admite que faz parte desse grupo. "Alguns amigos do meu marido se afastaram de nós porque sabem que sou ciumenta e não gosto de vê-lo no meio de um grupo de pessoas solteiras, da balada", conta.

No caso dela, o ciúme também parte do outro lado. "Meu marido gosta de vigiar até as roupas que uso. E tenho uma amiga que tem ciúmes até do meu casamento. Tenho que saber lidar com os dois."

Como ela agüenta todas as crises? A resposta é rápida. "É difícil controlar. Mas, com o tempo, a gente vai melhorando. Já fui muito pior, mas percebi que o ciúme não leva a lugar nenhum."

Fonte: G1

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