O câncer mata a cada ano mais pessoas no mundo que a tuberculose, a malária e a Aids juntas, disse o presidente da União Internacional contra o Câncer, o suíço Franco Cavalli, ao pedir em Havana que a luta contra esta doença seja incluída na agenda política global.
O câncer "causa hoje mais mortes anualmente do que a tuberculose, a malária e a Aids juntas" e "a luta contra ele deve estar na agenda política de todos os governos do planeta", disse Cavalli, em uma extensa entrevista publicada na segunda-feira pelo jornal cubano "Juventud Rebelde".
"Nossa principal tarefa como instituição –única no mundo, que coordena a luta contra o câncer de forma global– é conseguir com que cada país tenha um plano de prevenção, controle e tratamento do câncer", acrescentou Cavalli, ao afirmar que a situação atual da doença "é desesperadora e constitui um enorme desafio, sobretudo para o Terceiro Mudo".
"O mundo subdesenvolvido abriga atualmente 70% de todos os casos de câncer, mas dispõe de apenas um terço de todos os serviços de radioterapia. Há nações da África e da Ásia onde não há uma única máquina de radioterapia", afirmou.
Cavalli, que também é oncologista, destacou que a instituição que ele dirige "tentou influenciar os (países) poderosos para que lutem contra o câncer", mas "não conseguimos", lamentou.
Há "superpotências que poderiam fazer muito pelo bem-estar do homem, mas não fazem. E há governos que falam e prometem muito, mas tudo fica em meras palavras", afirmou o especialista, após elogiar a ajuda sanitária gratuita que Cuba dá a dezenas de países em desenvolvimento.
Segundo Cavalli, em 2030 o número de doentes de câncer ao nível mundial deve chegar a 30 milhões –em 2000 as estimativas eram de 10 milhões–, dos quais 18 milhões morrerão, 50% a mais dos que morrem atualmente em decorrência da doença.