O presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou na noite desta quinta-feira o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para uma reaproximação. Renan tem demonstrado insatisfação pelo fato de o Planalto ter escolhido como interlocutor no partido para a reforma ministerial o presidente da legenda, Michel Temer (SP).
Lulista de primeira hora, Renan considera que ao conversar com Temer, o governo fortaleceu o deputado no partido em detrimento do seu grupo. Na última semana, Lula se reuniu com Temer para avisar que havia acatado a sugestão do partido de indicar o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) para o Ministério da Integração Nacional. O movimento do Planalto foi considerado por Renan como a gota d’água.
Segundo interlocutores da conversa, Lula teria afirmado que o apoio do PMDB é fundamental para o governo e que trabalha pela unidade da legenda. Renan teria tranqüilizado o presidente com relação às votações de projetos de interesse do Planalto no Senado, mas reiterado que não pretende fazer nenhum movimento de aproximação com o grupo de Temer.
O encontro entre os dois seria na próxima semana, mas diante dos comentários de Renan –que se declarou liberado dos compromissos com o governo– o presidente decidiu antecipar a conversa para ontem, antes de embarcar para São Paulo para o encontro com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
O comentário foi feito em razão da disputa pela presidência do partido. Renan acusa o Planalto de ter interferido na eleição em favor de Temer, o que teria obrigado o seu candidato, o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim a desistir da disputa.
A preocupação do Planalto é que Renan "use" a CPI do Apagão Aéreo para demonstrar sua insatisfação com o Planalto, aceitando instalar uma comissão mista sobre o assunto. Ou mesmo, instale comissões especiais para analisar se as medidas provisórias encaminhadas ao Congresso têm urgência e relevância como determina a Constituição. Renan vem sendo estimulado pela oposição a agir assim.
Folha Online