A campanha da fraternidade, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, trouxe à tona em 2007 um tema da maior importância para todo o país, independente de convicções religiosas, partidárias ou ideológicas. Este ano, a CNBB nos fez abraçar a Amazônia, nos fez lembrar que nós, 180 milhões de brasileiros, somos os donos da maior reserva florestal do mundo, da maior bacia hidrográfica do planeta e que temos responsabilidade pela preservação e desenvolvimento sustentável da região.
A campanha também trouxe um alerta vergonhoso: a Amazônia tem sido palco de um desmatamento brutal, de conflitos por posse de terra, de invasão de áreas indígenas, de queimadas, de trabalho escravo, de violência contra ambientalistas e assassinatos de religiosos. Uma situação intolerável.
Lutar pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia é lutar por um país mais digno. Crescimento econômico e inclusão social, geração de renda e emprego têm de ser um compromisso de todos, para todos os brasileiros. Os costumes e as necessidades das comunidades ribeirinhas, da população indígena, de colonos e posseiros não podem ser ignorados ou menosprezados. E a riqueza ambiental da Amazônia tem que ser defendida por cada um de nós.
No começo do ano, as últimas notícias sobre o aquecimento global colocaram governos e cientistas em alerta no mundo inteiro: o cenário que estamos construindo para o planeta é de fome, seca, furacões e enchentes. E o Brasil ocupa um inaceitável quarto lugar na lista dos maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa. É um paradoxo inadmissível o fato do país que possui a maior reserva ecológica terrestre ocupar uma posição tão lastimável e ainda em virtude da própria floresta! Sem as queimadas e desmatamento da Amazônia, o Brasil cairia para a décima oitava posição na lista dos vilões.
A Constituição é precisa ao explicitar que a Floresta Amazônica é patrimônio nacional e que a lei tem de garantir todas as condições para assegurar sua preservação. Nos últimos três anos, conseguimos reduzir em mais de 50% o desmatamento da Amazônia. Ainda é pouco, muito pouco. Não podemos esquecer que mais de 16% de nossa floresta já foram destruídos.
O Congresso tem feito sua parte. No ano passado, aprovamos a gestão de florestas públicas para a produção sustentável. A Lei nº 11.284 instituiu o Serviço Florestal Brasileiro e criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal. É uma esperança, longe de ser a solução. Este ano, o Senado criou duas subcomissões especiais para propor medidas capazes de reduzir a contribuição brasileira ao aquecimento global.
Quando se trata de perdermos o nosso próprio habitat, o equilíbrio ambiental que nos dá as condições para continuarmos vivos, tudo o mais se apequena. Tratar adequadamente a Amazônia é a maior prova de fraternidade os brasileiros podem dar ao planeta.