Durante o último feriadão da Semana Santa, foram contabilizadas 79 mortes somente nas rodovias federais, duas a mais do que o número registrado no mesmo período do ano passado. Entre 0 hora de quinta-feira (5) até a meia-noite do domingo (8), ocorreram 1.744 acidentes com 1.149 feridos. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o número total de acidentes nas estradas federais aumentou em 23,86% comparando-se com o ocorrido ano passado.
Os estados brasileiros que registraram o maior volume de acidentes foram Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, respectivamente, com 324, 210 e 164 colisões.
Alguém já parou para pensar o quanto o País tem de prejuízo com esses acidentes? Sem falar no valor das vidas, que é incalculável, os gastos diretos e indiretos decorrentes desses acidentes são muito elevados. E o que fazer?
Primeiro, os motoristas precisam se conscientizar dos perigos que representam dirigir em altas velocidades efetuando ultrapassagens em locais sem boa visibilidade. Muitas das estradas brasileiras foram projetadas e construídas com excessivo número de curvas, algumas horizontais, outras verticais, e ainda existem aquelas que, ao mesmo tempo, são verticais e horizontais.
Os veículos atuais estão, a cada ano, mais potentes. É preciso que o condutor conheça bem os limites de seu automóvel. Além disso, não podemos desprezar as condições de superfícies das rodovias pavimentadas, algumas muito esburacadas com um baixo índice de serventia.
O Brasil precisa inserir nos currículos das escolas, já nos primeiros anos de educação básica, a educação emocional. As crianças de hoje, que serão os adultos no amanhã, têm que aprender como ter autocontrole. Enquanto isso não for levado a sério, sinceramente, não vislumbramos uma solução para o elevado índice de mortes nas estradas.
Outro ponto importante é que o governo brasileiro precisa ser mais exigente em relação aos itens de segurança existentes já nos modelos básicos dos veículos. Se na Europa e nos Estados Unidos isso é levado em consideração, aqui, em virtude do preço final do automóvel, equipamentos como um air bag não vêm de série. A presença desse equipamento, com certeza, reduziria a quantidade de mortes em colisões.
Por outro lado, há ainda o fator geometria da via a considerar. É possível fazer estradas mais seguras desde que o DNIT e os Departamentos de Estradas de Rodagem criem programas de eliminação de pontos negros. Aquelas rodovias que apresentam mais acidentes em determinados pontos, precisam passar por uma mudança no traçado. Afinal, se considerarmos os recursos disponíveis na CIDE (Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico) – imposto embutido no custo dos combustíveis desde a sua criação até os dias atuais chegaremos a conclusão que a questão não é financeira, mas de decisão política.
Sabemos que eliminar totalmente os acidentes é praticamente impossível. Porém, poderemos reduzir e muito os índices. Agora, isto somente será conseguido quando fizermos as coisas certas no tempo certo.
*Superintendente da SMCCU e Professor de Administração, Estradas e Pavimentação da Ufal