Cumprindo a programação das atividades do Abril Vermelho, mês em que os trabalhadores sem-terra lembram o massacre de Eldorado dos Carajás, os agricultores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) participam de uma reunião com integrantes do Instituto de Terras de Alagoas (Iteral).
A reunião, marcada para a tarde desta segunda-feira, na sede do Iteral, no Jaraguá, vai discutir algumas reivindicações dos trabalhadores sem-terra, como obras estruturantes em assentamentos, a plantação de mais hortas e a regularização de cem hectares de terra do assentamento Jubileu, em União dos Palmares.
O líder da CPT, Carlos Lima afirma que as reivindicações em pauta são antigas. “O governo já tinha se comprometido para solucionar os problemas mas, até agora, não foi viabilizada a verba”, diz.
Programação
Nesta terça-feira, os trabalhadores rurais fazem um ato contra o agronegócio, pela manhã. À tarde, os integrantes da CPT participam de uma reunião no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) onde irão discutir a liberação de créditos além de assuntos ligados a Reforma Agrária.
Na quarta-feira, às 9h, a CPT lança o Caderno de Conflitos da CPT, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas. A publicação conta a história de 22 anos das lutas travadas no campo. Durante o lançamento, será exibido um vídeo com oito minutos de duração que documenta os confrontos agrários ocorrido na fazenda Lucena, em Porto de Pedras.
Fazenda Lucena
Considerada um dos maiores pontos de conflitos agrários em Alagoas, a fazenda Lucena, localizada em Porto de Pedras – distante 84 quilômetros de Maceió – é ocupada por 35 famílias da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que temem ter que deixar o local.
Em setembro do ano passado, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) esteve na área para cumprir o mandado de reintegração de posse da área que apenas foi evitada com a vinda do ouvidor agrário nacional, Gercino Filho.
Na época, as famílias decidiram resistir à ação da polícia e recebeu o apoio de sem-terra de acampamentos vizinhos. Para evitar a entrada da PM, os trabalhadores fizeram a ouvidora agrária estadual, Katiúscia Mendes, refém.
A fazenda Lucena, que tem 393 hectares, foi desapropriada em novembro de 2002 e, segundo o Incra, pagamento do imóvel foi feito em juízo. O proprietário da área entrou na Justiça com o intuito de evitar a imissão.