Classe média – Sozinha e sem defesa

O Governador José Serra no seu primeiro discurso de campanha em 2002 disse que havia escolhido as 100 melhores cabeças do país para montar um programa de governo. Perdeu o voto de mais 2 milhões de eleitores da classe média.

No mundo moderno de hoje precisamos de muito mais do que uma elite de 100 ou 1.000 pessoas para mudar um país. Hoje, para um país dar certo é necessário à participação de milhões de cidadãos atuantes, que se distinguem dos demais pela suas pequenas lideranças, pelas suas pequenas iniciativas, nas suas pequenas comunidades e pequenas empresas.

São os que mostram os caminhos a serem seguidos não só pelas idéias, mas pelo seu exemplo. Exemplos de sucesso, disciplina, persistência e determinação. São aqueles que chamamos de classe média.

A classe média cria e mantém empregos, por isso é sempre mais consumida pelos impostos. Em condições normais, a classe média representa 10% da população brasileira, e se devidamente incentivada, ela criará e manterá milhares de novos empregos fazendo o Brasil dar o salto da estagnação para o pleno desenvolvimento.

A esmagadora maioria das pequenas e médias empresas é criada por gente oriunda da classe média. Seja por ex-funcionários que aprenderam com alguém da classe média, seja por profissionais liberais que passam para o lado de dentro do balcão da indústria vão fabricar os produtos que precisam e não encontram no mercado. Não são os intelectuais nem professores nas faculdades que ensinam os segredos do sucesso na vida. Quem ensina é a classe média, aos seus 10 a 50 funcionários, muitos dos quais acabam montando negócios concorrentes.

Pobre não aprende de rico nem de intelectual. Pobre copia a classe mais próxima, a classe média, aquela que ainda lembra como era a pobreza e conseguiu sair dela com muito esforço.

Só no Brasil ninguém defende a classe média, muito menos seus valores e sua postura política. Os ricos são naturalmente de direita, são conservadores, querem manter o Status Quo. A classe média não é de direita nem de esquerda. É de centro e liberal. São os profissionais liberais por excelência, que acreditam na autonomia, na responsabilidade pessoal e social, na poupança para a velhice, nos valores familiares, no imposto sobre herança. Mas o liberalismo é a ideologia mais atacada no Brasil, pela direita e pela esquerda. A direita vê na classe média uma ameaça, a esquerda vê nela a burguesia a ser destruída.

Não tenho conhecimento de nenhum jornal que defenda a classe média, justamente seus leitores. Não há um jornal liberal, que defenda os valores típicos da classe média. Por isto, a classe média está deixando de renovar suas assinaturas de jornais e revistas, onde o editorial normalmente defende os valores da direita, o resto do jornal defende os valores da esquerda. A circulação de jornais e revistas tem caído quase 20% nestes últimos anos, justamente porque a classe média cansou de comprar jornais que não defendem os seus pontos de vista, somente os daqueles que querem a sua destruição.

O primeiro jornal diário ou outro veículo qualquer que defenda valores da classe média, terá todos os anúncios e circulação que desejar, sem precisar de anúncios do governo, empréstimos do BNDES, nem viver na corda bamba, fazendo editoriais para não criticar demais o governo.

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