Foi um espetáculo de fé e esperança. Entre a multidão de fiéis que acompanharam a visita do papa Bento XVI ao Brasil, estavam peregrinos das mais diversas partes do Brasil – jovens, adultos, velhos e crianças, famílias inteiras, estudantes, trabalhadores, religiosos, pessoas mais ricas e gente humilde, todos unidos pela emoção de receber o mais alto representante da Igreja Católica, símbolo da crença na paz e na solidariedade, num mundo mais justo e humano.
O maior país católico do planeta parou para louvar o seu papa, para receber sua benção e ouvir suas palavras. Acima de quaisquer polêmicas dogmáticas ou de orientação religiosa, fica a lição de valores éticos, de defesa da dignidade humana e dos mais necessitados. Lição que, especialmente nos dias de hoje, cala fundo para todos os brasileiros – católicos ou não.
O entusiasmo com que o papa Bento XVI foi recebido – e tive a honra de participar da cerimônia de boas vindas ao pontífice, em São Paulo – mostra bem que, apesar da violência urbana, da desigualdade social, do nosso crescimento econômico medíocre e dos sucessivos escândalos noticiados pela imprensa, o brasileiro se recusa ao ceticismo.
É a fé num país melhor, a vontade política e a união de esforços para transformar essa crença em realidade que vai mudar nosso cenário social e econômico. É a ação positiva de gente com a perseverança e a força do batalhão de peregrinos que não pouparam esforços para ver de perto o papa Bento XVI que vai colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento e da justiça social.
Um dos caminhos foi apontado pelo próprio papa, que fez questão de ter um encontro com os nossos jovens: apostar na educação e na oferta de trabalho para a juventude é essencial para resgatarmos parte de nossa imensa dívida social. Sem um ensino universalizado e de qualidade e sem oportunidades no mercado profissional é impossível traçar qualquer política de inclusão social e desenvolvimento econômico.
A passagem de Bento XVI pelo Brasil representa, acima de tudo, uma oportunidade de reflexão. E a canonização de frei Galvão, tão festejada por milhões de devotos, também alimenta bem mais do que a fé católica. O exemplo do primeiro santo brasileiro, o frade franciscano que deixou uma família rica e poderosa para se dedicar aos mais humildes, nos dá a certeza do real poder da generosidade, do amor ao próximo e da fé.