O governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), participou – na manhã de hoje – de uma solenidade no Palácio República dos Palmares, ao lado do secretário de Planejamento, Sérgio Moreira, que também assume a pasta de Infra-Estrutura, desde a prisão do ex-secretário Adeílson Bezerra.
Vilela não quis entrar em detalhes sobre os mais novos fatos envolvendo o governo de Alagoas e a construtora Gautama que – segundo a Polícia Federal – seria o “quartel geral” de uma organização criminosa especializada em fraudar licitações públicas e de tráfico de influência, se beneficiando, ao receber recursos federais para obras com irregularidades, o que sequer haviam sido concluídas.
Neste domingo, foi divulgado trechos de conversas telefônicas em que Teotonio Vilela Filho é citado nominalmente. Ao todo – em nove estados brasileiros, inclusive o Distrito Federal – 46 pessoas foram presas e serão ouvidas em Brasília. A expectativa é que os detidos sejam liberados, após os depoimentos. De acordo com o STJ, os esclarecimentos foi o principal motivo de serem decretadas as preventivas.
O governador de Alagoas – logo no início da operação – negou conhecimento, afastou os envolvidos e reiterou o compromisso de sua gestão com a “transparência e a moralidade”. No entanto, em gravações entre os suspeitos aparece referências a Vilela, bem como ao ex-governador de Sergipe, João Alves (PFL).
As gravações da Polícia Federal apontam um suposto envolvimento do governador de Alagoas no favorecimento à construtora Gautama, em Alagoas. Segundo as investigações da PF, a alagoana Fátima Palmeira – que também se encontra presa em Brasília – seria a responsável pelo pagamento de propina ao governo do Estado. Palmeira é acusada inclusive de levar propina ao ministro das Minas e Energias, Silas Rondeau, no próprio gabinete do ministério.
Há fotos da Polícia Federal que confirmam a passagem de Fátima Palmeira pelo Ministério de Minas e Energias. Em Alagoas, a Gautama tinha interesse na liberação de verbas para a construção de barragens.
Nas ligações, há referência a um possível encontro entre o governador Teotonio Vilela e o proprietário da Gautama, Zuleido Veras. O encontro teria sido organizado pelo chefe do escritório de Alagoas em Brasília, Enéas Alencastro, que já trabalhou para Vilela, na época em que ele era senador da República.
Nas gravações, Alencastro fala para Veras: “Quatro e meia, lá no escritório do gover…senador, está bom?”. Os dois ainda confirmam o local por telefone, que fica no bairro do Farol. O escritório de Vilela foi utilizado como uma de suas bases de campanha, quando disputou o governo do Estado em 2006. Alencastro confirma o local com a seguinte frase: “Ali, aquela casinha amarela ‘véia’”.
Ao ouvir a confirmação do local, Zuleido Veras ainda coloca: “Lá onde fica o JF?”. Enéas Alencastro responde: “Exatamente”. Segundo a Polícia Federal, JF seria João Ferro, suposto interlocutor de Zuleido com o governador Teotonio Vilela Filho. Ferro trabalhou na campanha de Vilela para o governo. Atualmente, ele responde pelo Centro de Convenções de Alagoas.
A assessoria de imprensa de Teotonio Vilela disse que o governador desconhece o envolvimento de João Ferro com a Gautama. Na manhã de hoje, ao participar de uma solenidade, Vilela evitou maiores comentários com a imprensa alagoana. Ao ser indagado sobre as acusações de suposto envolvimento com a Gautama, ele respondeu: “Eliane Aquino já falou. Fale com ela”.
Eliane Aquino é assessora especial do governador de Alagoas. Aquino falou que o governador só vai se pronunciar quando estiverem prontos os relatórios da auditoria que a Controladoria Geral do Estado está fazendo na Secretaria de Infra-Estrutura. No entanto, apesar de o processo está agilizado, ainda não há data para apresentação dos resultados.
Estão presos em Brasília acusados de envolvimento com o esquema montado pela Gautama, o ex-secretário de Infra-Estrutura, Adeílson Bezerra; o ex-subsecretário de Infra-Estrutura, Denisson Tenório; o diretor de Obras da Infra-Estrutura, José Vieira Crispim, Fátima Palmeira, Enéas Alencastro e Rosevaldo Pereira Melo, funcionário da Gautama em Alagoas. De acordo com a PF, somente Bezerra teria recebido R$ 145 mil em propina.