Investigado pela Polícia Federal, o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) entregou nesta terça-feira uma carta pedindo demissão do cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pedido foi oficializado quase que ao mesmo tempo no Palácio do Planalto e no Ministério de Minas e Energia.
No Palácio, foi divulgada a carta com o pedido de demissão de Rondeau. Já o ministério divulgou uma nota em que Rondeau reafirma sua inocência e afirma que deixa o governo para impedir que o setor energético seja prejudicado. Ele afirma ainda querer evitar que a imagem do governo seja de algum modo afetada.
Antes disso, a saída dele já tinha sido anunciada no Congresso pelo senador José Sarney (PMDB-AP), que indicou Rondeau para o cargo.
Rondeau era apontado como beneficiário do suposto esquema de fraude das licitações para realização de obras públicas.
O esquema começou a respingar em Rondeau quando a PF prendeu durante a Operação Navalha Ivo Almeida Costa. Ele era assessor especial do gabinete do ministro.
A PF recolheu fitas gravadas por câmeras do serviço de segurança do Ministério de Minas e Energia. As imagens mostram uma funcionária da Gautama, Fátima Palmeira, entrando no ministério pelo elevador privativo no dia 13 de março. Ela carrega um envelope de cor parda, no qual a PF acredita que estavam R$ 100 mil.
Diretora financeira da Gautama, Palmeira se dirige até o andar do gabinete de Silas Rondeau. Lá, encontra-se com o assessor do ministro.
Antes de oficializar sua saída, Rondeau esteve reunido à tarde com Lula. O encontro foi interrompido para Lula se encontrar com representantes da Fetraf e com o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
Bastidores
O destino de Rondeau e a ocupação do Ministério de Minas e Energia foram discutidos hoje pela cúpula do PMDB do Senado. Por volta do meio-dia, Sarney e Renan Calheiros (PMDB-AL), articuladores da indicação de Rondeau, conversaram com Lula sobre a permanência dele no cargo.
A Folha Online apurou que o partido no Senado articula para continuar com o comando do ministério caso Rondeau deixe o cargo.
No encontro, Sarney teria defendido que Rondeau entregasse o cargo para se defender das acusações fora do governo. Apesar da recomendação, o senador teria dito acreditar na inocência de Rondeau –assim como o restante da cúpula do partido no Senado.
Os demais peemedebistas defenderam que ele permanecesse na pasta para provar sua inocência dentro do governo. A avaliação do grupo é que o ministro pode ser vítima de uma ação de partidos governistas interessados na pasta, uma vez que o Ministério de Minas e Energia é responsável por investimentos elevados e reúne estatais de peso sob sua coordenação.