Um dia depois de assumir a presidência do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO) sentiu a pressão do cargo. O senador terá de explicar sobre um inquérito que deu entrada no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2005 que o acusa de crime contra a ordem tributária. Não há detalhes uma vez que o processo corre em sigilo de Justiça.
O senador respondeu dizendo que "não deve nada". "Tenho conhecimento que existe esse inquérito, está sendo apreciado pelo Supremo. Só que até agora não fui citado, nem constituí advogado. Não devo nada. Meu comportamento na Casa e no meu estado falam por mim. Minha biografia fala por mim", afirmou Quintanilha.
O inquérito a que o novo presidente do Conselho responde é o 2274. A informação sobre o fato do presidente do Conselho de Ética responder a processo criminal repercutiu negativamente no Senado.
O senador Jefferson Peres (PDT-AM), líder de seu partido, vê o processo com "preocupação". "É um elemento a mais num processo perigoso que segue no Senado. Acho que os partidos deveriam ter critérios para escolha de membros do Conselho e um seria que os escolhidos não respondessem a processo criminal."
Líder do Democratas, José Agripino Maria (RN) disse que, caso Quintanilha não possa continuar na função, o vice-presidente do Conselho, Aldemir Santana (DEM-DF), "está pronta para tomar as providências" para que o assunto seja resolvido até o recesso.
Relatoria
Outro problema de Quintanilha é definir a relatoria do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de ter as contas pessoais pagas por um lobista.
Leomar Quintanilha havia convidado para o cargo o senador Renato Casagrande (PSB-ES), mas alegou que teria de ouvir o Departamento Jurídico do Senado. A explicação irritou Casagrande.
"Um convite feito publicamente e depois uma mudança de posição sem diálogo, sem dúvida faltou com respeito", afirmou Casagrande a jornalistas.
Renan
O senador Renan Calheiros participou de evento no Palácio do Planalto na quinta-feira (28)e recebeu apoio do governo. Sem citar nome, o próprio presidente Lula afirmou que "todos têm que ter a chance de provar a inocência antes de ser condenado".
Lula cobrou do Ministério Público “seriedade” nas investigações e “respeito à privacidade” e queixou-se de supostos exageros cometidos nas investigações, tanto da promotoria pública quanto da Polícia Federal.
Roriz
Ex-governador do Distrito Federal, o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), também sob suspeitas no Senado, subiu à tribuna do Senado na tarde de quinta para falar sobre as gravações que o ligam a um saque de R$ 2,2 milhões do Banco de Brasília (BRB). No pronunciamento, o senador chorou e procurou minimizar as denúncias.
“Existe algum artigo dizendo que pedir dinheiro emprestado é crime? É ilegal? Quem em sua vida não pediu um empréstimo a um amigo ou a um banco qualquer?”, questionou. E levantou suspeitas de que há manobras de adversários. "A quem interessa tudo isso? Faço essa pergunta a meus adversários", disse.