Os membros da Mesa Diretora do Senado têm reunião às 11 horas desta terça-feira (17) para tomarem uma decisão sobre a perícia da Polícia Federal nos documentos apresentados pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de receber ajuda de um lobista para pagar despesas pessoais.
A oposição cobra da Mesa o envio do pedido de perícia ainda nesta terça, antes do início do recesso parlamentar nesta quarta-feira (18). Já Renan torce para que a Mesa tome alguma decisão que protele o pedido de perícia. Caso contrário, já avalia com seus advogados um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a validade dessa análise da polícia.
Na segunda (16), Renan disparou telefonemas aos integrantes da Mesa Diretora. A todos, Renan negou que esteja usando o cargo para manobrar no processo. Os telefonemas aos integrantes da Mesa foram dados depois que Renan declarou-se impedido de despachar assuntos referentes ao processo no Conselho de Ética.
Em ofício enviado ao presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), Renan pede que qualquer "correspondência" sobre o processo seja entregue ao vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC). "Suscito meu impedimento para despachar expedientes relativos", afirma Renan no documento.
Com esse pedido a Quintanilha e os telefonemas aos membros da Mesa, o presidente do Senado tenta diminuir a cobrança dos senadores sobre o uso do cargo para atrasar o processo. O clima de tensão aumentou na semana passada depois que Renan adiou de quinta (12) para esta terça a reunião da Mesa Diretora. Agora, com o ofício enviado a Quintanilha, qualquer decisão que o Conselho de Ética solicitar à Mesa não passará mais por Renan.
Caberia a Renan presidir o encontro da Mesa. Mas como é o próprio investigado, ele não participará da reunião desta terça. O comando ficará nas mãos de Tião Viana. Além dele, outros cinco senadores compõem a titularidade da Mesa Diretora. Viana só se manifesta em caso de empate.
Ameaça de boicote
A oposição voltou a ameaçar boicotar o presidente do Senado a partir de agosto, após o fim do recesso parlamentar. Em discurso na tribuna na segunda-feira, o líder do Democratas, José Agripino (RN), avisou que a o boicote vai ocorrer se a Mesa Diretora não decidir nesta terça sobre a perícia da PF.
"Se isso viesse a acontecer, para valer a credibilidade, não poderíamos deliberar nada sobre a presidência de Renan Calheiros. Em nome da credibilidade do Senado", disse Agripino. "Estaremos em vigília para que a Mesa Diretora cumpra o que se comprometeu. Se não cumprir, não votaremos nada sobre a presidência de Renan", ressaltou.
Agripino referiu-se aos rumores de que o algum membro da Mesa aliado de Renan possa pedir vista (mais tempo para analisar) do pedido de perícia na reunião desta terça. "Se houver algum pedido de vista, para mim estará claríssimo que terá sido orientação do Palácio do Planalto, porque nenhum tucano, nenhum democrata pedirá vistas amanhã", afirmou. "Se algum senador, por ventura, viesse a pedir vista seria com o claro objetivo de procrastinar", disse.
Em seu discurso, Agripino não perdeu a oportunidade de alfinetar Renan. "Na minha opinião, esse aprofundamento da perícia interessa, mais do que ninguém, ao presidente Renan, porque, a se considerarem as provas, as evidências de hoje, o relatório não será favorável ele".
Já o líder do PSDB, Arthur Virgilio (AM), convocou reunião da bancada para antes do encontro da Mesa. O senador também pede que a perícia seja solicitada nesta terça. "O que queremos, no caso Renan, é que o processo tenha andamento", afirma.
