Acusações – mesmo que falsas, precipitadas ou inconsistentes – sempre rendem ibope, atenção, indignação. E se multiplicam com a irresponsabilidade dos mal informados, a ganância e o veneno dos mal intencionados. As versões surgem muitas vezes mais atraentes que os fatos, e as explicações ganham mais espaço que as denúncias. Mas, por mais pesado que seja qualquer jogo de intriga, a verdade, mais cedo ou mais tarde, derruba qualquer mentira.
O laudo da Polícia Federal fala por si: todos os documentos que apresentei para comprovar minha renda ao Conselho de Ética do Senado são autênticos; não existe o menor sinal de ilegalidade ou de irregularidade a meu respeito. Mais do que nunca, ficou clara a leviandade da campanha que tem sido movida contra mim, alimentada por adversários políticos de meu Estado com a cumplicidade de um grupo editorial envolvido em transações escusas.
Quiseram transformar um caso pessoal, que tramitou na Vara de Família, numa crise político-institucional. Quiseram dar contornos nacionais a uma briga paroquial e inventar irregularidades em negócios absolutamente legais, comprovados com notas fiscais devidamente periciadas pela Polícia Federal. E é quase impossível encontrar quem questione, atualmente, a seriedade e a competência da PF.
É fácil ter tranqüilidade – apesar de todas as pressões – quando se tem certeza da própria inocência. Mais: quando se tem confiança na isenção e no senso de justiça dos senadores. Não se chega ao Senado sem ter consciência de que as divergências político-partidárias são muito menores do que o espírito público, guiado pelo compromisso para com a verdade e o interesse do país.
Foi esse compromisso que me levou a responder, com total transparência, a essa campanha de que tenho sido vítima. Nunca neguei explicações, documentos, informações. Fiz questão de apresentar provas contrárias, de me antecipar à Procuradoria-Geral no pedido de quebra de meus sigilos bancário, contábil e fiscal. Fiz questão, também, de me apresentar aos relatores do Conselho de Ética para dar todos os esclarecimentos necessários à conclusão do processo.
O respeito à democracia – que prevê como direito básico o amplo direito de defesa – sempre pautou minha vida pessoal e minha vida pública. E mesmo sendo vítima de um dos seus excessos, em nenhum momento perdi a crença democrática. O antídoto para eventuais exageros está exatamente em mais democracia.
É sempre bom lembrar Rui Barbosa: “Três âncoras deixou Deus ao Homem: o amor à Pátria, o amor à liberdade, o amor à verdade. Cara nos é a Pátria, a liberdade, mais cara; mas a verdade, mais cara de tudo. Damos a vida pela Pátria. Deixamos a Pátria pela liberdade. Mas à Pátria e à liberdade renunciamos pela verdade. Porque este é o mais santo de todos os amores. Os outros são da terra e do tempo. Este vem do céu e vai à eternidade.”