Dor, saudade e desespero são sentimentos perceptíveis a qualquer um que conversa com Maria Maura da Conceição, mãe de Ana Maria dos Santos, de 21 anos, que foi brutalmente violentada e assassinada, juntamente com Laura Regina Correia de Lima, 27, por José Adriano Silva dos Santos, 26 anos, na noite do dia 9 de agosto, no depósito de construção Praia Norte, na AL-105, em Sauahçuy.
O crime, que chocou a população de Alagoas pela brutalidade, deixou marcas profundas na família simples, que sobrevive em uma pequena propriedade, que pertence ao pai de Laura Regina, também proprietário do depósito.
Não bastasse a crueldade do duplo homicídio, a família ficou ainda mais desolada com um agravante: Adriano dos Santos era cunhado de uma das vítimas e residia, junto com a mulher Silvânia Maria dos Santos e um filho de dois anos e sete meses, a poucos metros do local do crime.
“Nós nunca esperávamos isso. Durante sete anos Adriano morou com a minha filha e embora eles enfrentassem problemas – chegaram até a se separar algumas vezes – nunca imaginamos que ele pudesse fazer uma coisa dessas”, conta Maura.
Embora já respondesse por tentativa de estupro, em Sauahçuy, Adriano dos Santos levava uma vida absolutamente normal, inclusive com residência e trabalho fixos. A face do mal do acusado, que foi morto em um confronto com a polícia cinco dias após o duplo homicídio, em um canavial de Paripueira, se manifestou de maneira doentia na quinta-feira, 9.
“No dia do crime ele esteve aqui em casa umas três vezes. Em uma delas chegou a pedir para um dos meus filhos colocar um filme de safadeza (filme pornô), mas como não conseguiu acabou indo embora”, relembra Maura.
Aliás, a vivacidade com que os fatos são narrados pela mãe da vítima parece só intensificar sua dor. Maura é capaz de contar com detalhes tudo que aconteceu na noite do dia 9 e relembra com muita tristeza o ápice do sofrimento, quando o marido encontrou o corpo da filha próximo ao local do crime. “Desde então, ele só chora e parece doente”, conta.
Ambos parecem debilitados, tanto física quanto emocionalmente. Os pais de Adriano dos Santos, que residiam próximos, também partiram em busca de mais tranqüilidade. Segundo moradores da região, o casal – que já teria sofrido ameaças de Adriano dos Santos – foi levado para o centro de Paripueira, por um comerciante que se comoveu com a situação dos pais do assassino.
A necessidade de esquecer o crime, aliás, levou a uma situação inusitada: desde a morte de Adriano dos Santos, o corpo se encontra na geladeira do Instituto Médico Legal Estácio de Lima, sem que nenhum parente tenha reivindicado o corpo ou providenciado o sepultamento.
O Alagoas24horas tentou entrar em contato com o diretor do IML, para saber quanto tempo o corpo permanecerá no local, mas não obteve êxito.
Perguntada se a morte de Adriano dos Santos servia de consolo, Maura da Conceição disse, com lágrimas nos olhos, “que não, que só serviria se ele tivesse morrido há muito tempo”.
Apesar de toda dor, no entanto, Maura e toda a família não responsabiliza ninguém, fora o próprio assassino pela ausência da filha. “Ninguém podia imaginar que ele fosse fazer uma coisa dessas. Não esperava isso nunca”.