Secretário de Educação é acusado de tentar derrubar amendoeiras no Dia da Árvore

Luis Vilar/Alagoas24horasJosé Luis e demais moradores protestam contra o corte das árvores

José Luis e demais moradores protestam contra o corte das árvores

O secretário municipal de Educação, Tadeu Lira, foi acusado – na manhã de hoje – de cortar as amendoeiras ornamentais que ficam no entorno de um colégio de sua propriedade, localizado na Avenida Álvaro Calheiros. De acordo com o ambientalista José Luiz Malta Argolo – autor da denúncia – o secretário fere a lei 9.607/98, que proíbe o corte das plantas.

O detalhe é que o corte – como acusa José Luiz Malta – está sendo feito ironicamente no Dia da Árvore. A direção da escola alega que possui autorização e que não se trata de um corte, mas de um podação. No entanto, os funcionários da Limpel se encontravam no local com motosserras. A justificativa para a podação (como coloca ofício da Sempma) seria o fato das árvores estarem atrapalhando a fiação elétrica, porém os galhos – como se nota no local – sequer tocam nos fios.

De fato há o documento autorizando uma poda no local. A solicitação foi feita por meio da direção da escola do secretário Tadeu Lira e atendida de imediato pela Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma). O secretário de Meio Ambiente, Ricardo Ramalho, confirmou a autorização e destacou que esta seria feita com o acompanhamento de um agrônomo.

O agrônomo da Limpel, Niraldo Nunes Pereira, só chegou ao local depois da confusão formada. José Luiz destaca que esta não é a primeira vez que Lira tenta cortar as árvores por estas estarem supostamente atrapalhando seu estabelecimento comercial. José Luiz Malta já acionou, inclusive, a Delegacia Contra Crimes Ambientais e formalizou denúncia no Ministério Público Estadual, contra a direção do colégio.

As árvores em questão são oito amendoeiras ornamentais que foram plantadas há 15 anos, no logradouro da Rua General Newton Cavalcante, uma das transversais que dá acesso à escola de Tadeu Lira. “Ele só conseguiu esta autorização pela influência que tem na prefeitura. O secretário municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Ricardo Ramalho) fica de mãos atadas e tem que conceder a autorização. Político não se preocupa com meio ambiente. Isto é balela”.

O ambientalista luta pela manutenção das árvores – que ele mesmo plantou – há vários anos e diz que elas nunca estiveram tão ameaçadas. “Eu posso dizer isto porque sou um ambientalista militante. Fiz parte do Conselho Estadual e nunca quis ocupar cargo público, porque sei que eles não estão preocupados com o meio ambiente. Eles ferem uma lei federal aqui”, destacou.

José Luiz disse ainda que sabe como funciona a Sempma e acusou a secretaria de “ser cabide de emprego”. “Este problema aqui só se dá por conta desta escola que pertence ao senhor secretário de Educação”. Um dos funcionários da escola tentou coibir o trabalho da imprensa, mas depois de receber uma ligação de Tadeu Lira disse que “não seria feito cortes, mas as árvores teriam apenas os galhos podados”.

Porém, no chão e próximo às raízes é possível encontrar enormes cortes. “Não era para arrancar a árvore. O projeto da escola prevê estas árvores aí. O que acontece é que colocamos aqui os tapumes e havíamos feito estes cortes no chão para construir a calçada”, colocou. Ricardo Ramalho disse que não foi até o local porque estava em uma solenidade de comemoração do Dia do Meio Ambiente. “Há uma equipe nossa aí e já existe o processo”, colocou ele em entrevista a uma emissora de rádio.

Não havia equipe da Sempma no local, mas apenas funcionários da Limpel que trabalhavam em parceria com empregados da escola. “Vão derrubar estas árvores. É só questão de tempo”, salientou José Luiz. Alguns moradores da rua também protestaram pacificamente, mas mesmo assim a Polícia Militar foi acionada, não se sabe se pelo órgão púbico ou pela escola.

A equipe de reportagem do Alagoas 24 Horas pôde ler o ofício da Sempma. A solicitação é feita pela escola e a justificativa se dá de fato pelos possíveis prejuízos que as árvores possam causar à rede elétrica e por isto se autoriza o corte dos galhos. O agrônomo Niraldo Nunes destacou que isto seria feito, porque estava cumprindo ordem embasada em critérios técnicos.

Indagado sobre o fato dos galhos não tocarem a fiação, ele disse que “um dia vão tocar. A gente vai ficar esperando para que quando toque, seja preciso chamar a Ceal, ou então tenha que se resolver um problema pior”, salientou. Não estamos suprimindo a copa. Quanto ao uso da motosserra, é normal. Não podemos fazer o trabalho com foices”.

Quanto ao fato do corte está sendo feito no Dia do Meio Ambiente, ele respondeu: “Meu amigo, nós trabalhamos todos os dias. São vários os processos. A ação que está sendo feita aqui é preventiva”, destacou. José Luiz ao ouvir o comentário do agrônomo ironizou: “Quer dizer que ação preventiva é matar árvore? O que falta aos poderosos é consciência ambiental”.

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