Campanha informa Brasil sobre Alzheimer

Nesta sexta, Dia Mundial de Alzheimer, a Academia Brasileira de Neurologia promove a segunda edição de sua campanha de conscientização sobre a doença neurodegenerativa, que é a principal causa de demência entre idosos no Brasil e no mundo. Com o crescimento da população com mais de 60 anos no país — que deve chegar a 24 milhões de pessoas daqui a dez anos — o mal de Alzheimer deve se tornar um problema muito sério de saúde pública. Hoje, no mundo, há pouco mais de 20 milhões de casos do problema.

A Academia Brasileira de Neurologia está organizando a campanha de conscientização em 17 postos de atendimento, espalhados por 15 cidades brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Porto Alegre, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória). A lista completa dos pontos de atendimento e dos horários pode ser encontrada clicando aqui (é necessário ter o Acrobat Reader instalado para visualização).

A intenção do órgão é divulgar as informações para diagnóstico e tratamento da doença, que ainda é pouco conhecida e não tem cura definitiva. Há sinais de alerta que podem ajudar os familiares de idosos a notar o risco da doença e levá-los ao médico:

– Problema de memória que chega a afetar as atividades e o trabalho;
– Dificuldade para realizar tarefas habituais;
– Dificuldade para comunicar-se;
– Desorientação no tempo e no espaço;
– Diminuição da capacidade de juízo e de crítica;
– Dificuldade de raciocínio;
– Colocar coisas no lugar errado, muito freqüentemente;
– Alterações freqüentes do humor e do comportamento;
– Mudanças na personalidade;
– Perda da iniciativa para fazer as coisas.

Mistério centenário

A doença continua misteriosa, apesar de já ser conhecida há 101 anos. Em 3 de novembro de 1906 Alois Alzheimer descreveu o primeiro caso documentado de uma doença degenerativa que ficaria conhecida para sempre com seu nome.

Chefe do laboratório de anatomia da clínica psiquiátrica da Universidade de Munique, Alzheimer acompanhou por quase seis anos um caso que, na época, parecia raro. Uma mulher, Auguste D., passou a apresentar perda progressiva de memória, alucinações e dificuldade de concentração. Com a morte de Auguste, Alzheimer realizou pessoalmente a autópsia e encontrou depósitos de proteína em seu cérebro, tanto em forma de placas, fora das células, como de emaranhados, dentro delas. Para o médico, isso era o sinal de “uma doença muito peculiar”.

A existência desses depósitos protéicos foi fundamental para a classificação do mal de Alzheimer como uma doença específica, mas sua composição e seu papel no desenvolvimento da doença permaneceram desconhecidos até os últimos 25 anos. Até agora, os cientistas ainda estão discutindo se esses depósitos causam a doença, ou se são alguma forma de proteção contra ela.

A era moderna do estudo da enfermidade foi inaugurada com a identificação dos principais componentes dos depósitos: a proteína beta-amilóide, nas placas, e a tau, nos emaranhados.

A “rara” enfermidade descrita por Alzheimer registra hoje, anualmente, 4,6 milhões de novos casos diagnosticados. E, mesmo com cem anos de pesquisas, há pouco a se fazer pelos pacientes. As drogas existentes atualmente conseguem aliviar alguns sintomas, mas nenhuma impede a progressão da doença.

Futuro
Cientistas em todo o mundo estão trabalhando para que não se passem outros cem antes de encontrarmos uma cura. Uma revisão recente da literatura médica revela as linhas de pesquisa que prometem fazer avançar o entendimento da doença.

Erik Roberson e Lennart Mucke, da Universidade da Califórnia em São Francisco, afirmam que os tratamentos atuais contra a doença revelam a necessidade de se desenvolver medicamentos mais potentes. A ênfase tem sido dada a drogas para reduzir a produção de amilóide-beta e de tau.

O foco nas duas proteínas, no entanto, pode estar deixando outras importantes possibilidades de tratamento de lado, alertam os pesquisadores. Faltam estudos, por exemplo, sobre as modificações sofridas pela proteína tau relacionadas à doença e o papel do lítio na redução desses problemas.

De qualquer maneira, eles afirmam, novas drogas já estão em testes clínicos e muitas outras podem surgir quando perguntas básicas sobre o mal de Azheimer começarem a ser respondidas. Em sua revisão do problema, eles afirmam: “Apesar dos desafios, há boas razões para sermos otimistas. O arsenal dos médicos que lutam contra a doença já deve ter melhores armas no próximo aniversário importante da descoberta de Alzheimer”. Resta torcer.

Fonte: G1

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