O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), vai sugerir ao Conselho de Ética da Casa a criação de uma comissão para ouvir testemunhas do terceiro processo contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) em Maceió, Alagoas. Tuma acredita que, somente com o testemunho de envolvidos no suposto uso de laranjas para a compra de um grupo de comunicação em Alagoas, o conselho poderá avançar no terceiro processo contra Renan.
O corregedor disse que o usineiro João Lyra, ex-aliado de Renan, é peça fundamental para que o caso seja investigado. Lyra afirma que comprou um grupo de comunicação em sociedade de Renan com o uso de laranjas na operação, entre eles o empresário Tito Uchôa.
Tuma defende que a comissão do Conselho de Ética ouça os depoimento de Uchoa e Lyra, assim como do empresário Nazário Pimentel –que teria vendido as empresas para o senador ao lado do empresário Luiz Carlos Barreto.
O corregedor chegou a ouvir Lyra e Barreto em depoimentos colhidos em Alagoas, em uma das diligências do senador durante as investigações da corregedoria sobre as denúncias.
Barreto foi diretor-executivo do jornal adquirido supostamente pelo usineiro e por Renan. Depois de ouvir o depoimento de Barreto, Tuma afirmou que a situação de Renan estava "mais delicada".
Segundo Barreto, Renan teve participação em sociedade oculta com Uchôa com o uso dos laranjas para a compra do grupo de comunicação.
"Nada impede que uma comissão vá a Maceió para ouvir o depoimento do Lyra e dos outros dois. O Lyra tem medo de vir a Brasília, por isso o relator que for escolhido para o caso pode pedir apoio e realizar as investigações em Alagoas. Temos que ver as contradições para depois fazer as acareações", afirmou.
Relator
O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), promete anunciar até amanhã o nome do relator para a terceira representação contra Renan. Quintanilha espera apenas o conselho definir se vai reunir o terceira e o quarto processos contra o peemedebista em uma única ação para divulgar o nome do escolhido.
Desde o final de agosto, quando a representação chegou ao conselho, Quintanilha procura um senador disponível para assumir a relatoria do caso. O senador vem encontrando dificuldades uma vez que os parlamentares consideram o terceiro processo como o mais grave contra Renan.
"Isso acontece porque as denúncias são graves. Nós temos é que designar um relator sem juntar tudo em um único processo", defendeu Tuma.
Entre os aliados de Renan, o senador Gilvan Borges (PMDB-AP) já se ofereceu para assumir a relatoria do caso. Na oposição, o senador Demóstetes Torres (DEM-GO) também disse que está disposto a investigar o caso.
Segundo interlocutores de Quintanilha, o presidente do conselho reluta em indicar os dois senadores porque não quer ser acusado de beneficiar Renan com a escolha de um de seus aliados ou ser apontado como responsável por duras investigações contra Renan –caso Demóstenes seja designado relator.