O senador Jefferson Péres (PDT-AM) recebeu nesta quarta-feira um "memorial" com documentos enviados pelo usineiro João Lyra no qual confirma as denúncias contra o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em 12 páginas, Lyra reitera as acusações de que Renan teria firmado com ele sociedade oculta para a compra de um grupo de comunicação em Alagoas.
Relator do terceiro processo contra Renan no Conselho de Ética, Péres manteve o teor dos documentos sob sigilo. A Folha Online apurou, porém, que o usineiro não apresentou provas que apontem a participação de Renan na sociedade oculta.
Lyra optou por defender-se de acusações do peemedebista, já que a defesa do senador tenta desqualificá-lo como testemunha de acusação –uma vez que Lyra se tornou inimigo político de Renan em Alagoas.
O relator ainda espera receber, até o final desta semana, respostas do empresário Tito Uchôa ao questionário com dúvidas sobre a suposta operação que envolveria Lyra e Renan. Primo do presidente licenciado do Senado, o empresário teria registrado o grupo de comunicação em seu nome –já que Renan é acusado de firmar sociedade oculta com o usineiro para a compra das empresas em Alagoas.
Péres conseguiu confirmar a informação de que Uchôa foi funcionário de Renan entre os anos de 1995 e 1996. As denúncias sobre os "laranjas" são referentes ao ano de 1999, por isso o relator não quis especular sobre a ligação entre os dois.
Cassação
O relator mantém em segredo a sua decisão no terceiro processo contra Renan. O senador disse ter indícios para pedir a cassação ou a absolvição do peemedebista, mas deixou claro que só vai revelar sua posição no momento da divulgação de seu relatório.
"Você precisa estar convicto para concluir, com base em fatos ou ausência de fatos. Eu já tenho elementos para apresentar o meu relatório." Péres promete apresentar o texto na próxima quarta-feira (14) ao plenário do conselho. Se pedir a cassação de Renan, o relator admite que haverá pedido de vista para adiar a votação do texto para o dia 20.
Antes da leitura, no entanto, Peres ainda pretende concluir as investigações contra o peemedebista. O relator vai ouvir, na terça-feira, os depoimentos do governador de Alagoas, Teotônio Vilella Filho (PSDB), e de outras duas testemunhas do caso –Carlos Santa Rita e Nazário Pimentel.
Santa Rita é apontado como um dos "laranjas" que teria sido usado por Renan para a compra das rádios em Alagoas, enquanto Pimentel teria vendido as emissoras ao presidente licenciado do Senado.
Santa Rita, segundo Péres, é lotado no gabinete de Renan, mas trabalha para o senador em Alagoas. O relator espera reunir novas informações nas investigações, mas não quis adiantar se a ligação de Santa Rita com Renan comprometem o peemedebista.
