O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), depôs – na manhã de hoje – no Conselho de Ética do Senado Federal. Vilela é uma das testemunhas de defesas do senador Renan Calheiros (PMDB) que apura a suposta participação do político peemedebista na compra de veículos de comunicação em Alagoas, utilizando o nome de “laranjas”.
Vilela – durante o depoimento – ressaltou a trajetória política de Renan Calheiros, a qual acompanha de perto desde 1986. Os dois passaram a fazer “dobradinhas” na luta por duas das três vagas do Estado no Senado Federal. O projeto político sempre foi vitorioso, tanto que a união entre os dois rendeu a Teotonio Vilela Filho o cargo de Governador de Alagoas, conquistado no ano passado.
Teotonio Vilela disputou o governado do Estado com o empresário e ex-deputado federal João Lyra (PTB), adversário político da dupla que acusou Renan Calheiros de comprar um jornal e rádios em uma sociedade secreta. Vilela destacou os trabalhos de Renan Calheiros nos 102 municípios do Estado de Alagoas e avaliou o amigo como um dos políticos mais atuantes e importantes do cenário local e nacional.
"Não existe uma obra em Alagoas, que não tenha havido concurso do senador Renan Calheiros para sua realização", avaliou Teotonio Vilela Filho, em depoimento. Disse que, antes de surgirem às denúncias nunca ouviu falar que Renan Calheiros fosse dono de qualquer veículo de comunicação.
O objetivo de Calheiros é desacreditar os depoimentos de João Lyra. Renan Calheiros acusa o adversário de usar de revanchismo, tentando transcender questões paroquianas para prejudicá-lo. Este é o segundo processo por quebra de decoro parlamentar que o senador enfrenta. No primeiro, no qual foi absolvido, ele foi acusado de usar um lobista para pagar despesas de ordem pessoa com uma filha de um relacionamento extraconjugal, com a jornalista Mônica Veloso.
Durante o depoimento, Vilela colocou que Lyra “não tem limites quanto aos procedimentos de campanha. Ele não mede esforços para conseguir seus objetivos”, destacou o governador de Alagoas. “Como Renan Calheiros foi meu aliado, João Lyra transfere muito a ele a responsabilidade pela sua derrota”, complementou.
Teotonio Vilela destacou ainda que João Lyra largou tudo para se dedicar a esse ódio que tem dele e de Renan Calheiros. Vilela questionou ainda porque o empresário não utilizou as denúncias anteriormente durante a campanha eleitoral de 2006, quando disputava o Governo de Alagoas. De acordo com Vilela, o lema de João Lyra é: “quando o dinheiro ou a chibata não resolve, é porque um dos dois foi pouco”, finalizou.
Outro depoimento de defesa foi o do ex-funcionário do O Jornal, Sérgio Luiz Ferreira, que foi contratado por Nazário Pimentel para fazer uma auditoria no diário. Ele disse que nunca ouviu nada a cerca de participação alguma de Calheiros na compra do veículo de comunicação, ao contrário do que divulgou o contador José Amilton, em entrevista a Revista Veja.
Ele afirmou ainda que José Amilton, com quem tinha sociedade em uma empresa de distribuição de jornais, depôs na Justiça contra os interesses de sua própria empresa e em favor do Grupo de João Lyra, em troca de continuar empregado ali. Entregou ao relator, senador Jefferson Péres, uma cópia da sentença, onde o juiz reconhece que o contador José Amilton recebia ordens da direção do O Jornal. "Eu era diretor administrativo-financeiro das empresas de Nazário e, pelo que sei, quem comprou tudo foi o João Lyra", disse o contador.