O PMDB já se articula nos bastidores para garantir a indicação de um nome do partido para substituir Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado. Alvo de vários processos por quebra de decoro parlamentar, Renan se licenciou da presidência do Senado por 45 dias. Essa licença vence no dia 26.
Reservadamente, as lideranças do PMDB começaram a estudar nomes viáveis para substituir Renan e assim evitar que o PT –ou a própria oposição –decida entrar na corrida pelo comando da Casa.
A Folha Online apurou que os peemedebistas estudam lançar um nome capaz de unir forças na Casa para evitar a disputa pelo cargo. A idéia do partido é conseguir, por consenso, eleger o sucessor de Renan. Entre os nomes articulados pelo partido, estão os dos senadores Edison Lobão (MA), Garibaldi Alves (RN), Pedro Simon (RS) e José Sarney (AP).
A cúpula do partido avalia que os quatro senadores poderão obter o respaldo de grande parte do Senado, o que reduz a possibilidade de um candidato externo à legenda vencer a disputa. Os quatro nomes, porém, enfrentam resistências dentro da própria bancada e do Palácio do Planalto.
Lobão é recém-filiado ao PMDB –ingressou na legenda em outubro deste ano. É um nome articulado por Sarney –um de seus principais aliados–, mas não tem o aval de todo o partido por estar há pouco tempo na legenda.
Sarney, também cotado na disputa, afirma nos bastidores que só aceita entrar na corrida pela presidência da Casa se tiver o apoio integral da bancada. Oficialmente, Sarney nega a disposição de se tornar o novo presidente do Senado.
Garibaldi, por sua vez, é um nome visto sem ressalvas pela legenda, enquanto Simon tem como principal entrave a pressão contrária do Palácio do Planalto –já que é um dos "rebeldes" do PMDB por constantemente desrespeitar orientações partidárias nas votações.
Renan, por outro lado, defende o nome do senador José Maranhão (PB) para o cargo –um de seus principais aliados na Casa–,mas que não tem o aval da bancada.
Renan informou as principais lideranças do Senado –governistas e oposicionistas– que pretende renunciar à presidência do Senado antes do dia 26 –quando vence sua licença de 45 dias, informa o blog do Josias. Em troca, ele quer preservar seu mandato.
Eleições
De acordo com o blog do Josias, Renan deve renunciar à presidência do Senado até quarta-feira (21). Está previsto para quinta-feira (22) o julgamento do processo por quebra de decoro parlamentar em que Renan é acusado de usar "laranjas" para comprar um grupo de comunicação em Alagoas.
Se a renúncia for confirmada na semana que vem, o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), terá cinco dias para convocar novas eleições para a presidência do Senado.
Aliados do peemedebista lhe teriam aconselhado a deixar o cargo antes de quinta-feira, quando o plenário vai votar o pedido de cassação aprovado esta semana pelo Conselho de Ética da Casa.
A renúncia, na avaliação do grupo pró-Renan, poderia ajudá-lo a preservar o mandato –mesmo afastado da presidência da Casa.
Senadores governistas e da oposição avaliam que não há mais clima político para Renan retornar ao cargo mesmo que seja absolvido pelo plenário no processo em que é acusado de usar "laranjas" para comprar um grupo de comunicação em Alagoas.
PT pode brigar pela vaga
Os rumores sobre a renúncia de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado já provocaram uma corrida pelo cargo entre partidos da base governista e da oposição. A oposição promete lançar um nome na disputa se o PMDB apresentar um candidato que não receba o seu aval.
"Caso o PMDB mande um nome que não nos interessa, vamos lançar um nome nosso para competir. Tem que ser alguém com a noção de instituição que a Casa merece", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
O PSDB e o DEM apóiam o nome dos senadores Jarbas Vasconcelos (PE), Gerson Camata (ES) e Pedro Simon (RS) na disputa –já que os três têm postura "independente" em relação ao governo. A base aliada, no entanto, rejeita os nomes dos três parlamentares.
Sem alarde, os governistas também se articulam para lançar um nome alinhado com o Palácio do Planalto caso um dos "dissidentes" do PMDB seja apresentado pelo partido na disputa.
Em conversas informais, o PT não descarta brigar pela permanência de Tião Viana (PT-AC) no comando da Casa –mas admite que a estratégia poderá minar a votação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) porque precisa do apoio do PMDB para a aprovação da matéria.