Moradores de canteiro na Ponta Verde provocam polêmica

Vanessa AlencarVanessa Alencar

Apesar de não possuírem o mínimo indispensável para uma vida digna: saúde, trabalho, educação e moradia, atualmente eles “vivem” no endereço mais nobre de Maceió, a Avenida Sílvio Viana, na orla marítima da capital. Cerca de vinte pessoas – quase metade delas crianças que estão fora das salas de aula -, de três diferentes famílias, há meses moram em um canteiro da Ponta Verde, próximo a um caixa eletrônico.

A equipe do Alagoas24horas conversou com dois desses moradores, um senhor e uma jovem, que preferiram não revelar seus nomes. Eles contaram que todos são naturais de Maceió e que muitos viviam em favelas, como a Sururu de Capote, ou em casas alugadas, mas ocuparam as ruas por não conseguirem mais arcar com as despesas da moradia.

“Estamos esperando o Conselho Tutelar, que prometeu alugar uma casa para a gente durante três meses”, conta o homem que mora no canteiro há um mês. Ele revela que, por ser portador de HIV, teve que sair da casa da mãe, que mora no bairro do Benedito Bentes, para escapar do preconceito da própria família.

Os moradores do canteiro vivem da venda do material que recolhem para reciclagem e da boa vontade de moradores e empresários da região. Dormem, cozinham e fazem suas necessidades fisiológicas ao relento, o que vem gerando protesto de parte da vizinhança.

Um desses vizinhos, leitor do Alagoas24horas, contou que a sujeira e o mau cheiro causados pelos sem-teto, têm incomodado os condôminos dos edifícios próximos, além de chamar a atenção negativamente dos turistas que passeiam pela orla.

Os sem-teto se defendem: “Os moradores dos prédios geralmente nos ajudam, mas muitos não gostam da nossa presença aqui, falam que a gente suja o canteiro, mas nós também ajudamos a limpar e não estamos aqui porque queremos. Esperamos ajuda para arrumar um trabalho e uma casa”, diz a jovem, que há meses mora no local. Ela tem uma filha de três anos e está grávida de três meses.

Assistência Social

Procurado pelo Alagoas24horas, o secretário de Assistência Social de Maceió, Breno Simões, informou que nesta época do ano acontece um acréscimo da população de rua em todo o País e que em Maceió a situação não é diferente. Simões disse que é possível observar o crescimento dos moradores de rua nas últimas semanas na capital, principalmente nas regiões da orla marítima, Centro e nas proximidades do aeroporto Zumbi dos Palmares.

“Estamos alertas e cientes do problema. Vamos nos tornar mais ágeis ainda para resolver a questão, tanto no âmbito social quanto no âmbito dos moradores da região. Já estamos enviando pessoas do Projeto Guardião, que é um projeto específico para identificar as necessidades dos moradores de ruas, para analisar a situação”, afirmou o secretário, frisando que, amanhã mesmo, durante reunião com a equipe da pasta, será dada maior agilidade ao assunto.

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