Assistência vai remover famílias do canteiro

Sionelly Leite/Alagoas24horasSionelly Leite/Alagoas24horas

Na tarde de ontem, o Alagoas 24 Horas mostrou a realidade de três famílias que vivem sem o mínimo indispensável para uma vida digna, morando em um dos canteiros há pelo menos três meses. Ao todo são cerca de 20 pessoas – metade delas crianças, que estão fora da sala de aula – que improvisaram “uma residência” ao lado de um caixa eletrônico no bairro de Ponta Verde.

Após a situação ser revelada pela imprensa, a Secretaria de Assistência Social resolveu agir e encaminhou – na manhã de hoje – duas assistentes sociais do Projeto Guardião para dar uma boa nova, que pelo menos amenizará o sofrimento das famílias. De acordo com a assistente social Ana Angélica Lima, o Projeto Guardião, em parceira com a Prefeitura Municipal de Maceió, vai alugar casas no bairro do Vale do Reginaldo e tentar enquadrar as famílias em projetos de geração de renda, pois o aluguel só será pago pela Assistência Social por três meses. O prazo pode ainda ser prorrogado.

A transferência das famílias do canteiro da Ponta Verde para as residências será comandada pelo coordenador do Projeto Guardião, Carlos César Alves. “Estamos apenas esperando ele chegar aqui na Praça (que fica na Avenida Silvio Viana, na Ponta Verde) para conversar com as famílias e iniciar este processo de transferência”, destacou Angélica Lima.

A assistente social coloca que no caso de uma das famílias, eles já residiam no Vale do Reginaldo, mas foram obrigados a sair de dentro da residência em que estavam por não mais conseguirem pagar o aluguel. “Neste caso, eles irão voltar para a mesma casa”, salientou.

Na ocasião, a equipe do Alagoas24horas conversou com dois moradores de rua, um senhor e uma jovem, que preferiram não revelar seus nomes. Eles contaram que todos são naturais de Maceió e que muitos viviam em favelas, como a Sururu de Capote, ou em casas alugadas, mas ocuparam as ruas por não conseguirem mais arcar com as despesas da moradia.

“Estamos esperando o Conselho Tutelar, que prometeu alugar uma casa para a gente durante três meses”, conta o homem que mora no canteiro há um mês. Ele revela que, por ser portador de HIV, teve que sair da casa da mãe, que mora no bairro do Benedito Bentes, para escapar do preconceito da própria família.

Os moradores do canteiro vivem da venda do material que recolhem para reciclagem e da boa vontade de moradores e empresários da região. Dormem, cozinham e fazem suas necessidades fisiológicas ao relento, o que vem gerando protesto por parte da vizinhança.

Um desses vizinhos, leitor do Alagoas24horas, contou que a sujeira e o mau cheiro causados pelos sem-teto têm incomodado os condôminos dos edifícios próximos, além de chamar a atenção negativamente dos turistas que passeiam pela orla.

Os sem-teto se defendem: “Os moradores dos prédios geralmente nos ajudam, mas muitos não gostam da nossa presença aqui, falam que a gente suja o canteiro, mas nós também ajudamos a limpar e não estamos aqui porque queremos. Esperamos ajuda para arrumar um trabalho e uma casa”, disse a jovem, que há meses mora no local. Ela tem uma filha de três anos e está grávida de três meses.

Polêmica

O fato de fazerem suas necessidades fisiológicas na praça revoltou a tal ponto os moradores dos prédios que ficam no entorno do local que na manhã de hoje, os policiais do Batalhão de Eventos foram acionados. Eles estiveram no local, revistaram os moradores e os carros em que eles guardam o material recolhido dos lixos.

De acordo com o soldado Pedro – que comandou a operação – havia a denúncia de que alguns moradores de rua estariam roubando as lâmpadas de natal que ficam nas fachadas das residências. Eles se defendem e alegam que apesar da situação de miséria não são ladrões. “Não estamos aqui porque queremos. Não temos condições e precisamos de ajuda. Graças a Deus que o doutor César (coordenador do projeto Guardião) vem nos ver e nos levar para outro local”, disse um dos moradores.

Assistência Social

O secretário de Assistência Social de Maceió, Breno Simões, informou que nesta época do ano acontece um acréscimo da população de rua em todo o País e que em Maceió a situação não é diferente. Simões disse que é possível observar o crescimento dos moradores de rua nas últimas semanas na capital, principalmente nas regiões da orla marítima, Centro e nas proximidades do aeroporto Zumbi dos Palmares.

“Estamos alertas e cientes do problema. Vamos nos tornar mais ágeis ainda para resolver a questão, tanto no âmbito social quanto no âmbito dos moradores da região. Já estamos enviando pessoas do Projeto Guardião, que é um projeto específico para identificar as necessidades dos moradores de ruas, para analisar a situação”, afirmou o secretário, frisando que, amanhã (no caso hoje) mesmo, durante reunião com a equipe da pasta, será dada maior agilidade ao assunto.

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